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Cap 98- Formatura

 Os dias, como se fossem segundos, passaram depressa no colégio como que a jogá-los mais rápido para a vida. Um dia a menos, um dia a mais... Não importa, estariam logo de férias e longe daquele mundo ao qual estavam acostumados.
 A alegria, no entanto, era algo que eles nutriam por essa partida. Não vendo nenhum pesar nisso e ao contrário, nunca se havia visto no Elite Way um grupo mais feliz que os rebeldes. Não que não fossem sentir falta de muitas coisas. No fundo, a maioria via o lugar como um lar, uma prisão também, mas no fundo, bem no fundo, era sim um lar. Mas mesmo assim sabem que algo muito melhor espera por eles.
-Preparados? –Vicente bate palmas com um enorme sorriso. –Hoje é a última aula que dou a vocês...
-Nada disso!... –Tomás se levanta. –Hoje nada de aula!
-Como?
 O professor não entende porque toda a turma o olha com ar de travessura.
-É, Vicente, nada de aula!
-A turma tem algo a dizer... –Roberta olha para Diego que é o primeiro a começar.
 “Acaba uma etapa e essas pessoas que tanto nos ajudam, ficam para trás para ajudar outras a aprender também.”
 “Ganhando pouco para formar pessoas que pensem sozinhas...”. –Pedro continua. –“Um conselheiro, um influenciador, um mestre indispensável.”.
Cada um dos alunos tem algo a dizer, haviam escrito em seu caderno uma pequena frase para o melhor professor que já haviam tido, e este começa a dar sinais de emoção com o avermelhar dos olhos.
“Nenhum médico, advogado, físico, poeta...”.
“Nenhum desses existiria sem um professor.”
“É a profissão sem a qual ficaríamos sem nenhuma outra.”
 Um após o outro eles vão se levantando, deixando Vicente paralisado a ouvir. Pode olhar para a turma que formou com a sensação de dever cumprido e outra sensação ainda, como a de um artista ao ver sua obra concluída. E porque não? O professor é sim, um artista que esculpe a mente, os sonhos...
 No final um por um segue até a frente para cumprimentar a pessoa que havia sido tão importante naquele ano e que levariam sempre uma imagem de humildade e força. Se despediriam de todos, mas claro, sempre tem alguém em algum lugar que nos toca de modo radiante e não dá pra dizer que não mereça algo maior do que aquilo que se dá a todo mundo.

 Passeando pelos corredores do colégio, os amigos observam a quietude do imenso objeto que se soubesse, teria muitas histórias a contar. Assim era o Elite Way, um local completamente discreto para tantos atos nele praticado...
-A gente já se despediu de todos? –Alice segue de braços dados com Pedro.
-Se faltou alguém ainda poderemos nos despedir na formatura.
 Roberta dá a mão a Diego, esse que ao pegar, dá um beijo. O sorriso cúmplice ronda em um e outro, em uma sintonia vista entre poucas pessoas.
 Ao lado deles, Tomás e Carla parecem muito contentes falando como que em código.
 Ao passar pela biblioteca, Roberta recorda dos fatos que aconteceram ali. Todas as vezes em que se esconderam para namorar, para espionar ou simplesmente arranjar encrenca.
-Que foi?... –Diego percebe que ela está tempo demais calada.
-Nada...
 A menina é rápida e eles continuam o caminho, passam pelo jardim, pela cantina, pela sala de estar... Os lugares parecem diferentes por estarem sendo olhados com tanto cuidado. Os detalhes parecem aflorar quando é a primeira ou a última vez que olhamos para eles.
-Lembrando de que agora?
 Os dois param no banco do corredor perto da janela, dando tiau aos amigos.
-Como sabe que eu tava...?
 O gesto de Diego levando-a a sentar com ele ali, deixando os amigos seguirem a faz ficar ainda mais a vontade.
-Sei que estava se despedindo.
-Me despedindo?... –Ela pergunta a sim mesma e sorri de leve. –Talvez... Eu tava pegando a imagem de tudo. Quero me lembrar das coisas boas que aconteceram aqui...
-Mas guarde um espaço aí para o que vem...
-E o que vem? –Roberta fica curiosa.
-Ué... –Diego disfarça. –Faculdade, shows...
-Só isso?
-Acha pouco?
-Não, na verdade é muito. To ansiosa...
-Eu também... –Diego segura seu queixo e lhe dá um beijinho.
-Ei, já que você falou em despedida, eu acho que a gente precisa se despedir de mais uma coisa...
-De que? –O sorriso levado dela incitaria Diego a fazer o que fosse.
-Vem comigo!
 Eles ainda se preparam, mas logo chegam ao local onde tudo começou.
  Correm rapidamente com as mãos unidas e caem dentro da piscina de água transparente. Vão ao fundo como um tiro e retornam em busca de ar.
 Diego a vê quando retorna à superfície a menos de dois metros dele. Ambos vão lentamente se aproximando com olhares fixos. Tinham traços de um passado próximo.
-A gente gosta de água...
-E de marra... –Ela vem sorrindo. -Caiu do céu?
-Parece que só rola clima entre a gente quando tem água no meio, né?
-Não tenho mais medo de amar.
-Olhos lindos...
 Cenas refeitas e vontades ainda maiores conforme o tempo havia passado. Diego a rodeia com os braços apertando sobre ela um beijo tão desejado como havia sido naqueles primeiros dias.
 Ele fecha os olhos e abre vez ou outra enquanto beija o rosto de Roberta, seus ombros e pescoço. Mira onde atingir e até repara bem o encostar de sua boca na pele, assim como cada parte de seu corpo capturava sensações dos abraços e beijos, tendo como embalo os risos dela. Ainda haveria outras cenas e outras piscinas, mas nada muda o começo de um conto, a primeira sensação não é a única, mas é a porta que deixou passar todas as outras.

 Uma plateia de becas e capelos, todos da mesma cor azul e vermelha dos uniformes do colégio Elite Way. Chega o tão esperado dia e nada sairia errado se dependesse de Jonas. Ele se senta em local de destaque e observa tudo. Alunos, pais, amigos, professores e muitas outras pessoas estão ali para ver a tão esperada formatura.
-Alice Albuquerque!...
 A menina sai saltitando a plenas purpurinas a receber seu diploma. Na multidão seu pai sorri satisfeito a deixando ainda mais feliz.
-Carla Ferrer!
 Quando segura em mãos o resultado de todo esforço tem uma das melhores sensações da vida. Uma bolsista inteligente, assim como Pedro, oferece a si mesma essa conquista.
-Diego Maldonado!
 A voz o chama e ele caminha pelo palco sendo aplaudido por todos que o amam, assim como todos os amigos haviam sido.
 Olhar para o pai batendo palmas com um rosto feliz e tendo aquele rolo de papel em mãos o dava a sensação de alívio que há tanto esperava.
-Pedro Costa!
 O garoto mexe na comprida beca sobre o corpo com medo de tropeçar. Ao ver as lágrimas e o sorriso da mãe, ele faz um leve piscar de olhos, como um obrigada que não cabe nas palavras.
-Roberta Messi!
 A rebelde caminha segura até as mãos do diretor. É estranho como não consegue olhar para o diploma e para tudo aquilo sem ter um pensamento fixo de que aquilo era como nos vídeo games. “Parabéns, você passou na primeira fase.”. Quase parecia ouvir isso de algum lugar, mas era de dentro dela mesma.
-Tomás Campos Sales!
 Um pulo e ele já está lá com um sorriso de orelha a orelha, levanta o rolo de papel como os grandes competidores exibem suas taças.
 Não se passou muito tempo e todos receberam esse pedaço de papel dizendo que se está apto a entrar na faculdade. Era só isso? –Todos se perguntavam. –Sim, só. A resposta é muito simples.
 Cada um fica com uma sensação diferente e nada realmente é muito nítido ainda.
-Filha!! –Eva chega como uma louca quase derrubando o capelo da cabeça de Roberta com um abraço.
-Ai, mãe! Já chega me atropelando!...
-Ah, desculpa... –Ela é só gritinhos. -É que eu to muito, mas muito orgulhosa de você!
-Ok, ok... Hoje passa... –Roberta se faz de durona, mas ouvir elogios da mãe era algo que lhe fazia muito bem.
 Seu pai também está ali como os pais de todos os seus amigos. Um milhão de fotos, despedidas melosas, beijos babados de tias chatas que só se vê em situações como essa e a percepção de que já estavam todos separados.
 Binho e Pilar já nem os olha mais, fixos no futuro, disseram antecipadamente que estariam viajando e talvez nem voltassem no ano que viria. Juju, Soso e Maria se separam durante toda a festa e se juntam às suas famílias, talvez fossem se afastando aos poucos depois que tudo acabasse. Ainda havia Téo, Márcia, Vitória, João e Guto diante dos olhares avaliativos dos rebeldes. Tudo já parece diferente, todos parecem diferentes. Mas seriam mesmo?
 Os casais se separam por alguns minutos aqui ou ali, mas vez ou sempre retornam. Roberta sente a mão dele sempre a surpreender a sua por baixo da mesa.
-É bom saber que algumas coisas não mudam. –Pensa ela ao receber essa mesma mão acariciando seu rosto.
-Foto!! –A voz desconhecida os alerta pela 20ª vez e a turma se junta.
 Assim que pode alguém grita:
-Estamos livres!
-Ê!! –E todos jogam seus capelos para cima e se deixam cair uns sobre os outros como sacos de risada adolescente, capazes de estourar os ouvidos do mundo para dizer:
“Nos espere, estamos prontos para invadir novo território.”
 Em um canto daquele colégio e em secreto, ao mesmo tempo em que a festa ocorre, duas pessoas planejam descobrir paradeiros, segredos, extorquir e manipular os destinos de quem não tinha por idade, o poder de decidir.


<<Cap 97       Cap 99>>

Comentários

  1. me preocupou com a parte final
    O.O
    Maaiiiiss ameiiii
    Ass : Nathy

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  2. Parabéns Aline!! mais um capítulo perfeito!! muito bom mesmo... Agora vamos aguardar o que vc tá aprontando para os próximos né? (Scheila)

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  3. posta mais a web tá maravilhosa parabéns!!

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  4. quase chorei é muito lindo!!!!!!!!! posta mais por favor

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  5. Quase chorei Aline, muito lindo !

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  6. Caracaaa, perefeitoo, choreiii, muitoo lindo, mas confesso que essa parte final deu um certo medo...

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  7. parabens aline quase chorei de emoção posta + hj por favor

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  8. Posta ++++++++++++++++++++++++
    Amo muito a sua Web

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  9. Deu um nó na garganta esse capitulo, muito emocionante, e lindo...
    Super ansiosa pelo próximo capitulo você sempre nos deixa com gostinho de quero mais dona Aline.
    Darly

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  10. nao aguentei e chorei mto, parabems ta perfeito,
    bjs, Natália

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  11. Parar assim do nada e ai é tenso ok, e não se faz!!!

    Quero ver qual vai ser a reação da Roberta quado o Diego contar dos planos dele de morarem juntos *---*

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  12. Aii,chorei :,) to imaginando quando eu tiver bem velinha e eu vou lembrar do Elite Way,dos RebeldeS,das cenas de ação,romance,comédia,rebeldia em fim... Rebelde com certeza marcou minha vida,e eu SEMPRE irei lembrar dessa novela (e da WEB claro) com muito,mais muito carinho,vc Aline tbm fez parte da minha vida,realmente marcou ela,essa web foi a primeira que eu li,tudo começou quando todos imaginavam a primeira vez de Roberta e Diego,não sei como mais acabei chegando aqui e acompanhava os contos da primeira vez de Diro e isso me marcou muito,vc foi a primeira escritora(e a melhor) pra sempre,e tanto vc como essa web novela ficará para sempre em meu <3

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