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Cap 68 -O nosso prazer

 Tomás e Diego entram no quarto e se jogam na cama. Ambos com uma cara péssima.
- Rodrigo e Pablo. Dá pra acreditar?
-A gente tá ferrado, Diego! Esses irmãos portugueses vão acabar com a gente!
-Deviam ter ficado naquele navio!
-Melhor! Deviam ter navegado pro pólo norte, pra ajudar as renas do Noel no natal.
 Os dois conversam quando ouvem um som muito alto como uma corneta de carnaval, som pesado e irritante.
-Mas o que é isso? –Diego se levanta e Tomás acompanha quando a voz começa.
“Atenção todos os alunos do 3º ano: A aula começa em 10 minutos, atrasos serão punidos com suspensão.
-To me sentindo numa prisão! –Tomás coloca as mãos na cintura com o queixo caído.
-Mas isso não vai longe não. Os rebeldes vão dar um jeito.
-Sem o Pedro?
-E desde quando a gente é dependente do Pedro?
-Ah, não sei Diego! Mas fica faltando um né!
-Com ou sem o Pedro nós vamos agir. Agora anda, vamos pra aula...
 Durante as aulas daquela manhã os alunos não param um segundo de discutir sobre as novas normas de Jonas, que por sinal nem havia dado as caras. Na cantina as coisas estavam muito diferentes. A comida não era a mesma, nada de doces, bolos ou salgados. No lugar dessas coisas, o dobro de frutas, verduras e alimentos a base de soja.
 Roberta senta com os amigos na mesa mais afastada perto da porta.
-A gente não pode ficar quieto!
-E o que a gente vai fazer? –Alice olha para ela esperando uma ideia.
-A gente tem que ir contra isso, nós não somos soldados, mas se é isso que eles querem a gente vai entrar em guerra!
-Tá bom, Roberta! –Tomás cruza os braços. –Mas como vamos fazer isso?
-Vamos pensar primeiro em como falar com o Jonas.
-Não vai dar não. –Diego se senta ao lado dela com a bandeja do almoço.
-Porque não?
-O Pingo me contou que o Jonas tirou um mês a mais de férias. Está viajando com a Leila pela Europa. Deixou o colégio na mão desse cara que tava falando hoje cedo.
-Mas quem é esse cara?
-Ele é um militar aposentado, Carla. Ele e mais uns três mais jovens que ele, além dos portugueses lá...
-Quem?
-Não se lembra deles, Alice? –Tomás implica. -Vocês meninas trocaram a gente por eles, ficaram lá, babando os caras, não lembram não?
-Isso não é verdade! –Carla se defende. –Foram vocês que largaram a gente pelo cassino!
-Verdade Carla. –Alice entra na discussão, mas logo observa Diego abrir um frasco de remédio. Todos olham para ele imediatamente quando joga o comprimido na boca.
-Que foi gente?
-Nada não, eles são bobos assim mesmo.
-É só um remédio que o médico me passou até os exames ficarem prontos, eu não to morrendo não!
-Ei! –Roberta se entristece. –Não fala assim...
-Não vou falar... –Diego começa um sorriso e quase arriscaria um selinho se não fosse interrompido.
-Bom dia moças, bom dia rapazes. –Pablo sorri com ar de superioridade. –Não tinha visto vocês ainda meninas, é um prazer voltar a encontrá-las. –Ele volta os olhos para Roberta.
-Quer alguma coisa com a gente? –Diego interfere.
-Não, vim para dar uma olhada no lugar. Não se preocupem se me virem andando entre vocês, estarei só fazendo o meu trabalho... Evitando que alguns casais quebrem regras, sabe?
-Isso é ridículo! –Roberta se manifesta. –Nós vamos ser tratados assim? Como prisioneiros agora?
-Prisioneiros é exagero.
-Jura? –Roberta se levanta. –Vocês colocam buzinas nos nossos ouvidos, nos fazem comer o que dão, não podemos sair, nem nos divertir e nem namorar! Ah, não realmente eu estava enganada, porque na prisão os caras tem direito a namorar até demais...
 Roberta o deixa sem graça ao encará-lo. O rapaz meio sem saber o que dizer, acaba saindo e deixando ela parada com um rosto raivoso. Logo uma enxame de aplausos e gritos começa para ela.
-Aê Roberta! –Tomás se levanta.
-Gostei de ver!
 E enquanto os alunos vão chegando e em meio à algazarra, Roberta se distrai. Demora a perceber que Diego havia saído, mas quando percebe vai se desviando deles em busca de Diego. Enquanto isso as coisas vão voltando ao normal na cantina, graças aos gritos de Pingo que temia a vinda do comandante.
-Nossa, a gente podia fazer um motim!
-Que isso Carla? Você querendo fazer motim? –Alice ri.
-Ah, mas é verdade, eu tenho que receber o resultado da competição de dança! Eu não vou conseguir sair desse jeito!
-Não se preocupe Carlinha, a gente dá um jeito. –Tomás lhe dá apoio.


 Um pouco adiante dali, já havia a escuridão, apagado as vozes, mas não os pensamentos. Diego estava sentando no sofá do porão muito quieto, mordendo a mão, próximo ao dedo indicador. Um tom distante de olhar, um jeito morno de viver.
-Diego...
-Oi...
-Ficou bolado com o que eu fiz? –Roberta para ao lado do sofá olhando para ele que fica um pouco de costas.
-Não. –Ele dá um sorriso sem graça.
-Então?
 Diego estende a mão a ela e quando segura a trás de leve em seu colo. Os dois se abraçam. O rebelde sente o perfume dela ao roçar em seu pescoço, onde os cabelos cobriam a visão daquele lugar tão reservado e tão sinistro. Ao lhe dar um beijo no rosto, retoma um sorriso mais alegre.
-Não fiquei bolado... Eu adoro seu jeito de ser.
 Roberta passa a mão pelo rosto dele enquanto o ouve.
-Hum... E você tá bem?
-Tô... Ontem eu e meu pai, a gente fez as pazes.
-Mas ele te pediu desculpas?
-Pediu, acredita?
-Acredito. Ele tinha exagerado muito. –Roberta deita a cabeça no encosto do sofá escorrendo para trás e deixando somente as pernas sobre o colo de Diego.
-É...
-Diego, eu não gosto de te ver assim. –Ela se incomoda.
-Assim, como?
-Triste...
-Eu não to triste!
-Não mente pra mim... –Ela dobra o rosto como se implorasse.
-Tudo bem... Eu não to muito confiante nesses exames. E se eu tiver alguma coisa?
-Você não tem!
-Você não tem como saber.
-Diego... Ei! Me escuta! Não vai te adiantar ficar pensando nisso. Eu não gosto de te ver assim.
-E é isso que me preocupa. –Ele olha para ela de modo estranho, um jeito tenso.
-Do que você tá falando?
-Você é alegre... Cheia de vida! –Diego sorri e brinca no queixo dela. –Eu não quero te ver triste por minha causa, não quero te passar isso... Talvez, não sei...
-Ei! –Roberta se zanga e envolve o pescoço dele com as mãos. –Nada disso! Quando eu fui sequestrada você foi me procurar... Arriscou a vida por mim!... Quando eu e minha mãe brigamos a gente sempre conversa... Você sempre esteve comigo e eu nem sempre estava feliz... Nem sempre estava carinhosa com você ou compreensiva... –Ela sorri. –Diego, eu AMO você! Vou estar com você em todos os momentos, bons ou ruins... Como você sempre esteve comigo. Deixa de ser bobo!
 Diego finalmente sorri com vontade.
-Então, eu não estou te chateando?
-Está sim... Eu to aqui do seu colo, estamos sozinhos, o meu corpo tá coladinho no seu e você ainda não me...
 Roberta sente a voz sendo abafada pela boca dele na sua, pela língua entrando invasora e sem pudores pelo molhado interior a encontrar a dela, para brincar em segundos de arrepiar e esquentar todo o corpo. Todo o colégio estava sendo vigiado, mas o porão ainda era o mais seguro dos lugares, ainda era intocado pelas “autoridades” do Elite Way.
 Roberta vai sendo acariciada e seu ombro se torna o palco onde os lábios de Diego dançam. Eles bailam com vontade de descer mais um pouco e até começam. Logo as mãos deles não conseguem se segurar e deixam de apertar a cintura sobre a blusa para entrar debaixo dela. Começam a subir para onde a boca estava desejando ir, mas chegando tão perto não concretizam. Era uma brincadeira de fazer ou não, de iniciar ou não, de fazer que ia, de brincar de desejo, deixando dentro do corpo uma explosão, um incêndio começando a sufocar.
 A maneira como sente Roberta ficar mole, deixa Diego com a certeza de que mais quer beijá-la, de que mais quer acariciá-la e ter em seus braços a garota pela qual seria capaz de tudo e um pouco mais. A garota mais linda que já tivera encontrado em seu caminho, a dos olhos mais lindos, brilhantes como a Lua, repleta de estrelas no sorriso e uma delicada fúria que o deixava louco.
 Era uma fera que estava deitada em seu colo, uma gatinha mansa, um ser que estava sugando sua língua, apertando seu pescoço, esfregando-se em seu corpo e tirando todo seu juízo, todo seu medo, toda sua vontade de fugir dos problemas, todos os seus pensamentos idiotas.
 Ele sabe que precisa dela, e sabe que ela precisa dele. É estranho como que quanto mais estão juntos, mais parecem precisar um do outro, como um vício, uma necessidade tal qual como o ar, ou a água, ou mesmo igual a qualquer coisa que não tem ideia do que...
 Mas Diego e Roberta sabem que o prazer que proporcionam um ao outro, não só o prazer que os sentidos todos podiam dar, mas um prazer que não podia ser descrito, que era o conforto de um simples olhar do outro, quando um mar inteiro parecia secar na vida de um deles e não precisavam de mais nada além de ver em outros olhos um lugar tranquilo para se deixar levar.


 Assim o momento vai sendo levado, gostoso e pertinente aos sentimentos que precisavam de abrigo, de uma nova expectativa.
 Os dois vão nos barulhos das bocas, nos suspiros e fungados compondo a música daquele instante de namoro e acreditando estar sozinhos, acabavam por ir mais e mais nas carícias delirantes.
 Há uns dois  ou três passos dali, sem que eles tivessem percebido, sem que nem mesmo desconfiassem, dois olhos grandes e negros vazam de trás de uma pilha de caixas. Arregalados eles nem piscavam na intensa vontade de acompanhar cada gesto.

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Comentários

  1. Até eu fiquei com medo agora, hahahaha. Muito bom o capitulo, parabéns!
    Thais

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  2. fiquei colada ao ecrã a ler... foi viciante o seu texto como todos os outros. já tava morrendo de saudades dos seus textos... amo mt e posta mais adoro ler voce escreve maravilhosamente bem... parabens e obrigada por partilhar esse dom connosco... bjs

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  3. Quem tá no porão além do casal DIRO? Aline posta mais quando vc puder, espero que possa logo!

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  4. Aline quem ta espionando eles???OMG ta muito bom esse capitulo!Anciosa pra ler mais!(Priscila)

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  5. Aline, para que blog perfeito! Alguem tira a tia Marga e coloca a Aline pra escrever a novela pf u_u

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  6. Adorei estou loca para saber quem esta no porão...
    Brenndha

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  7. AII MEU DEUS QUEM SERÁ QUE ESTÁ NO PORÃO ( TENHO UMA SUSPEITA) POR FAVOR POSTA MAIS s2. BJS.

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  8. Aline!! mais um cap perfeito!!! Maravilhoso!! Você se superou em tudo...super ansiosa pra ler o próximo. (Scheila)

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  9. Aline parabens mais um perfeito ansiosa para o proximo

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  10. eu fico sem palavras pra dizer quanto de bom é seu blog, cada capitulo é melhor e melhor... voÇe nos faz sonhar, sentir, rir, chorar mas sempre nos faz ficar curiosos

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  11. aline vc vai demora muito pra escrever o proximo capitulo?...da uma previsao se puder pf!

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  12. Vou postar quinta, aproveitando q é feriado, pq tenho prova na terça e na quarta, final de semestre é tenso!

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  13. muito bem adorei ta de parabens

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  14. Oi sou a Diana queria dizer que AMO sua web, li do 1° cap ão 68° sem parar durante dois dias, mas parava pra comer e dormir claro ! Haha Quand eu leio a historia paresse que eu estou lá dentro é impressionante, você tem um grande talento, Parabéns estou adorando, não AMANDO sua web *_*

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  15. Ai Aline vc vai me matar qualquer hora dessas, quem é que está bisbilhotando?! Cadê o Pedro?
    Sua web está cada dia melhor, assim como a Diana, eu também sinto que estou dentro da história.

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  16. É impressionante fiquei amando demais a web :)

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  17. hmmm, qm será q ta espeiando eles?
    Bjo Daniele

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  18. De quem são os olhos arregaladoos????
    @MafiaLuantica

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  19. Opa! Amanhã já tem mais!!!
    Aline muito obrigada por não parar de postar!!!
    Sua Web é completamente viciante,você faz coisas tão simples pra uns ficarem lindas!

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  20. Aline posta logo pfffffffffffff!!!!!!!!!!!

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  21. Aline,
    eu estou entrando toda hora para ver se vc posta pq vc falou que iria postar hj, eu to mt ansiosa e curiosa, posta logo pf!

    (Isabela)

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  22. já tem um pedaço do 69 é só ir no topo e ver o papel amarelo lá sempre mostra as atualizações

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