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Cap 60- Instinto nato


 Os quatro olham para o segurança que demora a relatar a história.
-Por favor, fala logo! –Alice fica impaciente.
 O homem enxuga com um lenço branco a testa e parece fadigado. Não que tivesse andado muito, mas parecia preocupado por ter perdido um dos jovens que Franco havia lhe deixado tomando conta.
-As buscas no navio não deram resultado. Agora vão procurar no mar.
-Como?
-Isso mesmo... –O homem afirma para Alice o que só poderia significar uma coisa. Coisa, aliás, que ninguém se atrevia a dizer. –Vamos esperar, ainda existem chances de ele estar vivo.
 Alice deixa o ar sair pesado de seus pulmões. As lágrimas lhe descem o rosto quando se apoia em Carla sem reação.
-Vivo? –O som da voz mal sai conforme ela desce até a cadeira, com a mão no peito. –Ele não pode ter...
-Não se preocupa, Alice, ele vai aparecer! Não deve ter acontecido nada, a gente sabe como o Pedro é...  –Diego tenta dar uma certeza que nem ele mesmo tem.
-Ele nunca ia fazer algo assim, Diego, ele não teria coragem de me deixar aflita desse jeito, ele...
-Eu sei, mas a gente tem que acreditar que tudo vai dar certo, ok?
-Ok... –A menina tenta ser forte e diferente do que aparenta, ela realmente é.
-As buscas já começaram, não se preocupem que em breve teremos notícias. Seus pais já foram avisados do ocorrido e como amanhã desembarcam, poderão voltar para suas casas e logo terão notícias do amigo de vocês.
 O segurança já estava saindo quando Tomás o chamou de volta.
-E aquilo de não haver registros do Pedro?
-Realmente não há. –O homem se vira e fala enquanto anda. –Logo poderei dar detalhes concretos.


 Alice já não sabe o que fazer e seus amigos também não. Pedro parecia ter sido sugado por um buraco negro. Nada provava que havia estado naquele navio ou em qualquer lugar perto dali. Ninguém além dos cinco rebeldes tinha essa certeza. No mais, eles tinham os pais que comprovavam e também algumas poucas testemunhas como a Jovem Fran , o garotinho Otto e os irmãos portugueses.
 Tudo estranho demais, tudo calado demais. Assim são os grandes incêndios, então corra!

 Do outro lado, não muito longe dali, Roberta já estava começando a estranhar a demora de Diego.
-Tanta demora pra um mergulho na piscina? –Ela se levanta com a caneta em mãos. O Diário jogado na cama. -Devia ter ido com ele... Ah, mas vou esperar mais um pouco, talvez dê tempo de terminar... Onde eu estava mesmo?




“Não sei quanto tempo passou até eu me deitar sobre o peito dele. Fui beijando e descendo por ele todo. Diego sempre gostou de natação, futebol e esportes em geral, então nem preciso dizer que tem um corpo que né...
 Enquanto eu beijava, arranhava e mordia de leve, meu corpo deslizava no dele, esfregávamos sem querer evitar. Vi o Diego ficar em um estado de total delírio ao me sentir assim.
 A noite estava virando madrugada e nós continuávamos adiando as coisas. Não sei, mas isso de adiar é muito bom. Mesmo vendo nos olhos dele que ele queria e que queria logo, eu sei que o Diego sabia esperar, sabia que quanto mais tempo a gente ficasse assim, melhor seria. A gente tava se conhecendo de um jeito que a gente nem imaginava. Perdi as contas de quantas vezes ouvi ele dizer que me amava e ele deve ter perdido também as contas de quantas eu disse a mesma coisa.
 E ele passava a mão pelo meu rosto. –Minha Roberta...
Estava agarrado à minha cintura e me virou enquanto eu o beijava. Largou minha boca que estava inchada e começou a me beijar o pescoço. Desceu os olhos, que eu percebi que estavam abertos. Enquanto descia com os beijos ele contornava meu corpo com as mãos. Estava à cima de mim outra vez e sei que eu firmava todos os meus nervos quando os beijos dele me percorriam.
 Não havia som que naquele quarto viesse de outra coisa além de nós dois. Estalinhos, suspiros, uma respiração cansada... Bom, essas coisas...
 Fomos namorando até que chegasse o momento, e ele enfim havia chegado. Percebi nos olhos dele e ele nos meus. Que a gente não queria mais esperar.
 O Diego veio, segurou minha mão e beijou meu rosto. Acho que eu tava sorrindo com os olhos fechados, nem sei bem, mas não vi nada, fiquei só sentindo.
 As pernas dele nas minhas estavam se encaixando, nossos pés brincando um no outro... Fiquei sentindo cada pequeno movimento e palavra que me dizia.
-Eu amo você. –Ele apertou minha mão e repetiu. Quando percebi já estava em mim.
 Eu não sei explicar, penso que não há como. Só sei que é algo muito diferente de tudo no mundo. Uma invasão, um susto, um abraço mais forte, uma intimidade tão grande que muitas vezes parece posse...”

 Roberta para um instante novamente. Começa a pensar em tudo até então. Está tão longe do presente e tão perto ao mesmo tempo. O ato de fazer amor parecia tão ligado a algo errado há tantos séculos, talvez desde sempre!
 O que há de errado? –Pensava ela. –As pessoas fazem tantas coisas ruins às outras e à elas mesmas. O que algo assim, sendo puro, honesto e verdadeiro pode ter de tão errado?
 Sabe lá por que estava pensando assim, mas é bem desse jeito. Não importa em que séculos estejamos sempre vai parecer que não é correto. É histórico!
 Os olhos da gente estão sempre cheios de uma densa poeira que suja as coisas mais gostosas da vida. Gostamos de dizer que é sujo, nos colocamos como sujos, nos sujamos e sabemos disso. Não vemos como algo bonito, mas muitas vezes vergonhoso. Não há nada de errado com isso, não há nada de errado com o que é mais que natural das pessoas e da maioria dos seres vivos.
 Então, porque não ser mais limpo? Porque não mais puro? Porque não com alguém que te dê colo, amparo, companheirismo, doses de humor, loucura, amor... E não só alguns minutos de prazer?
 Não há nada de errado com o sexo, mas há algo de errado com os humanos.
 E ela seguia “filosofando”. Pensamentos mil, distantes de tudo e de todos formigavam todo o tempo naquela cabeça.
 Roberta é inteligente, consegue ir além do senso comum e das ideias que todo mundo tem igual. Ela sabe que por ser humana, é igual a todas as garotas, mas por ser humana, também é diferente de todas elas. Porque nós somos assim, diferentes demais por sermos todos iguais, temos a incapacidade de ser igual, mesmo sendo todos iguais, se é que me entende...
 Ela deita de bruços na cama e escreve lentamente, como se experimentasse tudo de novo em cada linha.


“... O beijo dele é sempre tão bom, nunca me cansa, nunca é o suficiente!
 Ele me beijava todo o tempo, sei que também não se cansa disso... “ –Ela ri enquanto escreve.
“-Linda... –Ele estava com a voz tão baixa, tão firme e tão perto, que meu ouvido esquentou e eu me arrepiei completamente.
 Os braços dele entravam pelas minhas costas me abraçando e minhas pernas ficavam bambas o quanto mais ele me apertava.
 É estranho mesmo, escrever tudo isso, algo que ninguém além de nós dois sabe. Só o Diego conhece cada milímetro do meu corpo e do meu coração. Não tem ninguém que me conhece tão bem e que esteja dia e noite buscando conhecer mais como ele. Diego é tudo pra mim, é sim... Admito que nunca imaginei ficar tão apaixonada, e que a Alice não me ouça falar como ela, mas isso é lindo demais.
 Ah, sim, houve o momento em que ele me levantou, eu estava agarrada ao pescoço dele e ficamos frente à frente. Estávamos tão unidos e nos beijávamos com tanta vontade que eu já nem sei que horas eram. Não sei se era a noite que estava no auge ou o dia que estava amanhecendo, mas o mundo parecia mudar a todo segundo.
 Sabe quando tem borboletas no seu estômago? Ou quando você sente muito frio e algo se estremece dentro de você? Sabe, assim, quando você quer apertar tanto, mas tanto, mas apesar da força que põe ainda parece pouco? Era assim que eu me sentia, mas tudo em uma só sensação. Eu não ouvia, eu não via, eu só tinha um sentido e parecia que tinha todos. A coisa mais deliciosa do mundo era estarmos assim, um no outro, sem pressa, sem medo, sem incertezas. Só nós dois trancados em um quarto, luz baixa e todo o tempo que quisermos...”

 Ir e vir, se perder... Forçar o corpo contra o outro, sugar sua vida, dar a sua própria. –Roberta não consegue entender por completo para poder escrever, mas tem tudo dentro do coração, como instinto nato.


<<Cap 59         Cap 61>>

Comentários

  1. curto mas maravilhoso como todos os outros

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  2. show garota ta de parabens posta o resto to enlouquecida com esse diario da roberta muito lindo vc é uma otima escritora

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  3. Muito curto, mas mesmo assim eu adorei, aguardo ansiosa o próximo!

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  4. ^ Ai que ta a graça de ser curto,mesmo que as vezes irrite...deixa aquela ansiedade pra saber o que?por que?como onde?
    Não que todos capitulos tenham que ser curto,mais eu acho que esse não está completo,é tipo uma chamada,chamada pra nós querermos saber o resto!

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  5. Função da Aline: Matar os visitantes frequentes do blog de curiosidade

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  6. Vai Aline!!! posta logo!!! rsrsrs

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  7. Vou postar logo, o 60 é só um rascunho rápido ainda vou terminar de escrever e depois editar, mas agora quero pedir que deem uma olhada nesse depoimento da minha amiga Darly sobre tudo q tá acontecendo com o Arthur, etc... Eu concordo c tudo q ela disse:

    http://diariodasdelicias.blogspot.com.br/2012/05/desabafo.html?showComment=1336446560391#c2939857334471594047

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  8. Valeu pela força amiga!!!
    To muito ansiosa pela continuação do 60, esse diario ta demais!!!!

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  9. Darly eu gostei muito do seu comentario acho que voce tem toda a razão agente ate pode ficar triste por causa deles mais nunca sair chingando como muitos fizer
    E Aline parabens eu leio sempre o seu blog adoro seu geito de escrever parabens de novo que voce merece
    Esperando muito anciosa pela continuação

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  10. Aném eu quero muito a continuação , faz 2 dias que vc não posta , mas entendo , parabéns pelo seu jeito de descrever as cenas , pelo suas palavras ...

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  11. É né a Aline quer matar agente!!!!! Mt PERFEITOOOOOOOOOOOOO!!!! Sem Mais...

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  12. Aline!!! olha deu até arrepios... kkkkk (Scheila)

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  13. Amei, amei, amei, aguardo logo o próximo, espero que vc possa postar logo!!

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  14. Anem anem anem , eu tinha visto que vc postava as 21:30 ... Mas n esta postando , mas nem em problema não eu intendo , mas quero muito o próximo ... Se possivel ainda hj .. por favor ...

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  15. Parabéns Aline, vc escreve perfeitamente! Achei seu blog a apenas alguns dias e ja li todos os textos! Seu jeito de escrever vicía as pessoas, ja estou esperando anciosa pelos próximos!
    =D

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  16. Aline,Você é demais!
    estou sempre lendo e relendo suas estorias. são lindas e o modo como você escreve é maravilhoso,mesmo.
    Parabens você merece.
    'Mariin Aguiar

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  17. Sem Comentários...
    Muito bom...
    Vc manda muito bem...
    Sou viciada na sua web...
    Beijinhos........................

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