Pular para o conteúdo principal

Cap 56- Relato de Diego


 A história começa assim que os ouvidos se mostram mais que prontos e ansiosos para descobrir as partes que parecem apagadas da memória. Necessita de cada palavra dele para que a respiração retome o compasso normal e não sufoque com tanta confusão que estava instalada em sua mente.
 Assim, ela se posiciona aos olhos dele, atenta e impaciente. Ainda preserva uma birra e uma raiva que se misturavam dentro do peito. Às vezes, o que parece, é que quanto mais amamos alguém, mais gostamos de provocá-lo. Talvez façamos isso inconscientemente para ver se a pessoa seria capaz de nos aturar se conhecesse tudo o que somos, e não apenas as lindas máscaras que apresentamos, sempre reluzentes e repletas de uma perfeição que não existe em nenhuma pessoa.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------

 Eu fui para o canto esquerdo onde dava para observar tudo. -Ele explica- Pedro e Tomás passaram por mim e não me viram, então chamei os dois:
-Diego?... -Pedro para a frente. -A gente vai falar com as meninas, mas e você? Que tá fazendo aí sozinho? Não foi falar com a Roberta?
-Não. -Respondi um tanto orgulhoso. -Ela não me procurou...
-Hum... Tá se fazendo de difícil agora?
-Não é assim, Tomás! Você viu como ela me deixou de lado pra conversar com aquele cara?
-Vi! Vi tanto, que se fosse você não deixaria o caminho tão aberto pra ele voltar!
-Ele tem razão. -Pedro concorda. -A gente mesmo tá indo lá falar com elas agora, vamos?
-Vão falar o que?
-Vamos pedir desculpas, tentar nos acertar...
-E toda aquela conversa sobre as garotas serem teimosas, impulsivas e controladoras? -Cruzei meus braços, indignado.
-Ah, cara... Nós temos duas escolhas: Viver com elas ou sem elas! -Tomás olha para Pedro. -E nós escolhemos a segunda opção!
-E porque nós, homens, temos que pedir desculpas?
-Por isso mesmo!
-Hã? -Me confundi com essa fala do Pedro.
-Somos homens! Certos ou errados, vamos ter que pedir desculpas...
-Acho que já ouvi isso em algum lugar... –Pensei comigo.
-E então, você vai com a gente? -Pedro insistiu.
-Não... Eu vou ficar.
  Assim, fiquei assistindo os dois irem de encontro a sua mesa. Você estava com Carla e com Alice. De vestido longo era a primeira vez que te via e você estava mesmo linda. Te fitei ali sentada de pernas cruzadas completamente distraída. Tinha um jeito bravo que eu conheço bem e que na verdade adoro. Não sabe a força que fiz para não ir com eles, agora vejo que não foi algo muito idiota.
 Estava me segurando, mas ao vê-los te deixando sozinha na mesa, resolvi ir até lá, o que foi outro problema. Pablo se aproximou, e em vez de ir até lá e mostrar a ele que você não estava sozinha, eu preferi ver a sua reação. Te vi conversar com ele, tomar um drinque e se levantar para ir até a pista de dança. Deixou parte da fantasia na mesa, a espada de um lado e o chapéu de outro, o que me deu uma melhor visão do teu rosto, que tinha um sorriso lindo, mas que eu sabia que não era real. Afinal, eu te conheço. Sempre se fez de forte, sempre mostrou que não tinha medo de nada nem se deixava abater por ninguém... Mas eu sei quem você é e naquele momento, era minha Roberta repleta de vontade de mostrar a si mesma a habilidade que tinha para fazer qualquer momento um momento para ser feliz não importa as circunstâncias.
 A batida da música te elevava e comecei a dar a volta pelo lugar te acompanhando com os olhos, estava com medo de te perder em meio às pessoas, que se aglomeravam. Você estava dançando no meio dos nossos amigos e parecia longe, te senti longe. Seu cabelo balançava quando você dava giros de olhos fechados.
 Observei o tal Pablo e meu sangue ferveu. Ele se aproximava de você e te olhava demais. Mesmo estando dançando separados, eu decidi que não estava suficientemente longe da minha namorada. Quando percebi que a música estava parando, decidi ir até lá, te pegar pela mão, e mesmo que você não quisesse, te levaria dali. Já estava passando da hora de conversarmos e não iria esperar nem mais um segundo. Mas ao te ver, percebi que estava aérea. Na hora achei que talvez fosse impressão minha, então prossegui. Uma música lenta começou a tocar quando estava a meio metro de você, que nem me percebeu. Cheguei mais perto me colocando na frente do Pablo que me olhou com cara feia, mas se afastou, nos deixando a sós. Acho que me reconheceu... Também... Penso que ninguém além de mim olharia pra ele tão desafiador.
 Ao me ver, tenho a impressão que você não sabia quem eu era. Não sei se pela fantasia ou pelo seu próprio estado, que detalhe, eu ainda não tinha entendido. Senti muita vontade de dançar com você, muita vontade de te pegar nos braços, então te estendi a mão sem dizer nenhuma palavra, esperando qualquer reação. Vi seus olhos lindos que pareciam perdidos ao focar em mim alguns instantes, mas sei que no fundo sabia quem eu era, pois não hesitou. Colocou os braços em volta do meu pescoço. Seu cabelo tinha um cheiro muito bom, pude perceber quando deitei o queixo no seu ombro. Nós dançamos e eu realizei meu desejo da noite, que era estar com você. A música estava tão boa, eu queria ficar ali o resto da noite colado em você, só balançando de um lado e outro.
 E o beijo? Bom, sim... Eu te beijei... Não resisti a sua boca tão perto da minha, sabe? Precisei tocar naqueles lábios quentes para ver que eram mesmo reais.
 Fui sentindo o doce de sua boca e tenho que admitir que seu beijo é uma droga pra mim. Eu fico muito bobo quando te beijo.
 Logo você foi se largando no em mim, e mesmo que achasse isso muito bom, percebi que não estava bem.
-Roberta, o que você tem? –Segurei seu rosto e você me respondeu confusa.
-Porque você não para no lugar? Tá rodando por quê?
 Eu ri da situação, mas mesmo assim fiquei preocupado.
-Roberta você bebeu? –Logo pensei melhor. –Claro que não, você não bebe e se tivesse bebido eu perceberia no beijo.
-Diego... –Você me olhou de perto, firmando em meu ombro. –Você tá lindo de Zorro.
 Ao dizer isso deitou a cabeça em meu ombro praticamente dormindo, parecia exausta por algum motivo. Mas daí fiquei na dúvida: Se tinha me reconhecido, porque não foi falar comigo? Estava na mesma birra que eu?
 Bom, deixei isso pra lá e tirei você daquele tumulto antes que caísse no chão. Fomos caminhando devagar até a proa, onde tinha poucas pessoas. Te sentei nas cadeiras de tomar sol e percebi que estava de olhos fechados. Ao sentar do seu lado você deitou a cabeça em meu ombro e me abraçou.
-Gente, o que você tomou? –Pensei sozinho enquanto passava a mão pelo seu rosto.
 O cabelo teimava em esconder ele de mim, mas eu queria olhar. Você estava tão tranquila, eu já havia esquecido tudo e me parece que você também.
-Roberta... –Te chamei em vão. –Meu amor, não dorme... Ei, olha pra mim, sou eu, o Diego...
 Não adiantava, você tinha apagado e mesmo que isso me assustasse, eu estava adorando ter você assim, tão solta no braço, tão minha.
 Mas de repente você desperta, parecendo tonta, e me olhava apertando o olhar como se quisesse reconhecer quem estava à sua frente.
-Eu vou... Eu vou dormir... –E bocejou. –Tô com muito sono.
-Eu te levo! –Levantei te apoiando quando tentou andar. –Duvido que encontre sua cabine nesse estado.
-Que estado? –Você me olhou zangada. –Eu to ótima!
-To vendo! –Eu não segurei a ironia. –Vem, eu te ajudo a chegar lá.
 No primeiro passo você trombou com o king kong. É, e nem ria! O cara havia levado a sério a fantasia e não gostou muito de ter o seu salto cravado no pé peludo dele.
-Me desculpa! –Eu fui te levando em meio às pessoas.
 Todas paravam para nos ver. Você com o braço em meu pescoço e eu segurando sua cintura. Estava muito sonolenta e quando Carla e Alice te viram, levantaram da mesa com os garotos e vieram até nós.
-Que aconteceu?
-Não faço ideia, Alice! –Respondi.
-Que você deu pra ela, Diego?
-Eu?? Eu não dei nada pra ela não, Carla!
-Roberta! –Alice tentou te alertar. –Ei! O que houve?
 Você enfiou o rosto no meu peito, fugitiva. –Me leva pro meu quarto...
-E... Ela não tá legal... –Pedro se espanta.
-Ela deve ter tomado o suco que o garoto jogou o remédio...
-Remédio? –Eu me assustei. -Que remédio, Tomás?
-Vocês tão lembrados do Otto?... Bom, o que disseram é que a tia dele dá tranquilizantes para ele dormir. Viram ela muito brava, arrastando o moleque pelo corredor porque ele tinha jogado alguns dos comprimidos fora. Uma senhora viu ele mexer na mesa de sucos... Tudo indica que pode ter jogado em algum dos sucos e por azar foi o que a Roberta tomou...
-E agora tá dopada! –Constatei.
-Amanhã ela vai tá bem, não se preocupe... Quer ajuda pra levar ela?
-Não, tudo bem... Eu levo ela.
 Nós saímos e deixamos os quatro para trás. Creio eu que não ficaram muito tempo mais. Fomos então, rumo ao corredor e chegamos à porta da sua cabine.
-Tá trancada. Roberta cadê a chave?
-O que? –Os olhos nem abriam, sempre debruçada sobre meu ombro.
-A chave... –Eu percebi enfim que você não sabia nem onde estava. –Ah, quer saber?
 Foi aí que te levantei nos braços, já havia passado da hora de fazer isso e te carreguei para o único lugar tranquilo que eu conhecia: O meu quarto.
-Pronto... –Abri a porta com dificuldade e te deitei na cama.
 Torei chapéu, máscara e capa. Fui desmontando o personagem sem tirar os olhos de você. Abri alguns botões da camisa enquanto te observava.
-Isso deve incomodar. –Olhei para o corpete que parecia te esmagar a cintura já tão fina.
 Você estava na beira da cama à minha frente. O traçado de fita negra fazia um laço quase imperceptível que resolvi soltar. Não sei, não parecia muito confortável.
 Me fixei atrás de você e comecei a desatar o laço. Passei as fitas casa por casa até que retirei o acessório. Te virei e acabei de tirar, deixando sobrar somente o vestido. Depois fui até seus pés, desabotoei suas sandálias e joguei no chão. Você espreguiçou e eu ri.
 Passei mais algum tempo ali com você, mas não foi nada demais. Pelo menos não deve ser. Retirei as pulseiras e os anéis que tinha, fui desmontando sua fantasia e me sobrou somente uma imagem, que não fique brava, mas muito delicada. Sério... Não conseguia olhar para mais nada naquele quarto.
 Não contei, mas quando retirava o último anel do seu dedo, você segurou minha mão e levou para debaixo do seu rosto e não pude sair. Foi aí que me deitei do seu lado e passamos a noite juntos.
 Realmente houve a dança, ouve o beijo e houve a noite que passamos juntos.
 Não aconteceu muito. Eu te fiz carinho toda a noite, esse foi o meu crime. Estava mesmo sem sono e isso era um prazer que eu não podia evitar e pelo qual perderia a noite toda. Foi uma delícia te ver dormir, te dominar por uma noite, você que sempre é tão selvagem. Te ver sem nenhuma resistência e não poder cuidar de você seria uma covardia com os meus sonhos.
 Bom... Depois do que te contei, espero que não esteja muito brava...


----------------------------------------------------------------------------------------------------------


 Roberta não havia dito uma só palavra desde que Diego começou a falar. Ouviu tudo em silêncio como em poucas vezes conseguia ficar. O rebelde a observa, esperando uma resposta, mas ela vem em forma de um empurrão.
-Você me deu um susto sabia?! 
-Achou mesmo que eu ia...? -Ele insinua.
-Sei lá... -Roberta baixa a cabeça. -Afinal a gente já...
-Já! -Diego acaricia o rosto sério e mostra um sorriso. -E foi muito perfeito... Não iria nunca fazer uma coisa dessas com você do jeito que estava. Eu te desejo, mas te respeito e te amo... Você é muito valiosa pra mim, saiba sempre disso...
 Roberta sorri e os olhos brilham.



<<Cap 55      Cap 57>>

Comentários

  1. Muito legal,estou curiosa para saber o que vai acontecer.
    Espero que você consiga tempo para postar.
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Nooossa!!!! esse Diego é muito lindo mesmo!!! Amei a descrição dele (Scheila).

    ResponderExcluir
  3. o capítulo ficou muuuuuuuuito lindo.
    parabéns!!!

    ResponderExcluir
  4. amei, amei, amei, posta logo o 57 pfffffffff

    ResponderExcluir
  5. Simplesmente perfeito!!!
    Apesar de não estar postando comentarios eu sempre dou uma conferida na web, so que tem sido muita correria, fiquei muitíssimo feliz por você não ter acabado com a web, e sou super fã da sua escrita, que vamos combinar, esta cada dia melhor.
    Um super abraço da sua amiga de sempre, apesar de um pouco sumida....
    Darly

    ResponderExcluir
  6. Aaaaaaaaaaaaaaaawwwwn que perfeeeeeeeito ><

    ResponderExcluir
  7. " Você é muito valiosa pra mim, saiba sempre disso..." awn meu deusoooo ... =)))))

    ResponderExcluir
  8. Awwwwwwwwwwwwwwwwn , perfeito Alinee ! Amei !

    ResponderExcluir
  9. meus olhos se enchetam de lagrimas no final hehe

    ResponderExcluir
  10. vc ta me levando a loucura, to morrendo de curiosidade pro 57!

    ResponderExcluir
  11. Alinee pelo ammor de Deus porta logo o 57 por favooooooor!!!!!!!!!!!!!!!

    Aqui quem fala e a Maria Tereza

    ResponderExcluir
  12. meu deus mas como o diego e siumento

    ResponderExcluir
  13. que fofo,posta logo o outro por favo!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu