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Cap 95- Só pra nós dois


 Roberta fica intrigada com a fala de Diego, que continua normalmente.
-Ué, você não gostaria?
-Quer dizer...?
-Que a gente tivesse um lugar que nem esse só pra nós dois. –Diego se senta e ficam de frente. –No colégio, nos shows, na minha casa, na sua... Em todo lugar sempre tem alguém pra atrapalhar...
 Roberta segura a mão dele e deita a cabeça no sofá olhando para cima concordando.
-É...
-Imagina só. –Diego explica entusiasmado. –Poderíamos conversar horas sem ninguém entrar pela porta nos gritando!
-Ninguém pra dizer que tá na hora de dormir...
-Ninguém pra interromper os beijos...
-Nem pra ficar de vela!
-Além de...
-De o que? –Roberta vê algo na pausa de Diego.
-De poder dormir abraçadinho com você. –Ele fala entre dentes segurando o rosto dela. –Poder te apertar, te morder e te encher de beijo quando e como eu quiser!
-Hm... Não faz iisso! –Ela aperta os olhos.
-Por quê?
-Vai me deixar na vontade! –Roberta parece se aborrecer. –Passando o feriado a gente volta pro colégio e acaba tudo!
-Pessimismo agora?
-Não... É realismo mesmo... –A garota cruza os braços.
-Ah, deixa disso.
 Diego está todo carinhoso e abrindo os braços dela os leva ao pescoço em um abraço. Roberta sobe e senta em seu colo. Os rostos param pertinho um do outro e ela faz um charminho brincando com os trejeitos a observar os detalhes da face dele e investigando sua orelha com a ponta dos dedos.
-Muita coisa pode se tornar real se a gente quiser, sabia?
-Sabia. –Roberta sorri.
-Foi assim comigo. –Ele acaricia as costas dela debaixo da blusa e Roberta se abandona tranquila nos braços de Diego. –Eu te quis desde a primeira vez que pus os olhos em você...
-Você também mexeu demais comigo, me desequilibrou a primeira vista... Acho que eu não acreditaria nessa nossa história se não tivesse acontecido com a gente.
-Como assim?
-Se fosse a história de outro casal e me contassem... Acho que eu não acreditava... Nós somos diferentes e brigamos tanto.
-A gente briga porque a gente ama...
-É? -Roberta junta as sobrancelhas.
-Claro! Se a gente não se amasse, nem mesmo se olhava. Acho que enquanto a gente tá nem que seja brigando, é porque ainda tem alguma coisa.
-No nosso caso muita coisa...
 Roberta já ia lhe dar um beijo quando lembra.
-Que horas a gente vai embora?
-Ué? Já quer ir? –Ele se espanta.
-Claro que não! Mas esse apartamento não é de um amigo?
 Diego fica meio pensativo na resposta.
-Sim, é de um amigo.
-O que você tava na casa dele, né? Você nunca me falou dele antes...
-É que ele tava morando na Europa com a mãe... Voltou pra fazer faculdade aqui... O pai mora no Brasil e deu um apartamento para cada um dos filhos, mas os dois resolveram dividir um só...
-Bom pra gente! Porque por mim eu não voltava nunca pra casa!
-Sério?
-Muito... Eu adoro ficar sozinha com você... –Ela o encara com uma docilidade até incomum. –Adorei as flores... E os bilhetes... Você sabe me deixar boba...
-De algum jeito preciso fazer você ficar mais parecida comigo, né?
-Bobo! –Ela lhe empurra.
-Viu? Somos dois bobos!
 Do nada Roberta o abraça, comprimindo o rosto risonho dele nos ombros. A menina fecha os olhos e prende a respiração. Ao ir soltando devagar ainda permanece assim e desde a mão esquerda no peito dele a sentir os contornos e a firmeza que é estar ali.

 Ao rosto inocente que confia a verdade o olhar sensato sem sentimentos. As responsabilidades esfriam o coração?
 Talvez não fosse esse o pensamento dos rebeldes, mas ver que Franco está decidido a entregar o menino os deixa tristes e decepcionados.
-Se ele vai pra um abrigo, porque não fica lá em casa? –Carla reclama com Tomás.
-Mas quem cuidaria dele?
-A Becky!
 Tomás olha para Carla como se dissesse “Tá me zoando né?”. Mas por não querer levar uns tapas, deixa a vez para os amigos.
 Pedro se adianta.
-To até vendo! Aqueles dois iriam quebrar a casa juntos!
 Alice se diverte, mas de repente um grito dela assusta a todos.
-Meu Deus! Eu vi alguém!
 A sala de estar na casa de Tomás está vazia, não tem ninguém na casa de Leila mas mesmo assim ela afirma ter visto um vulto passar.
-Atrás da janela!
 Pedro a abraça e tenta acalmar a garota.
-Não deve ser nada linda, eu e o Tomás vamos lá ver!
-Vamos? –Tomás recua.
-Deixa de ser medroso! Vem...
 Pedro sai arrastando Tomás para fora e as meninas ficam à espreita tentando ver se acham algo pelas frestas da janela, mas logo retornam ao sofá da sala, grudadas uma no braço da outra. Visivelmente, Carla não está tão assustada quanto Alice, mas também os fantasmas haviam se multiplicado na mente dela, graças a imagem que viu. Na verdade, a mente adora brincar sozinha, e nos apavorar é sua especialidade, mesmo achando que a controlamos, é inegável que, centenas de vezes, tenhamos nos tornado apenas meros espectadores de seus shows surpresa.
 Em menos de 15 minutos os meninos retornam, e sem nenhuma notícia sobre a tal pessoa que provavelmente havia passado atrás na janela.
-Vem. Eu te levo pra casa. –Pedro dá a mão a Alice que o acompanha ainda com um assombro no olhar.
 Carla e Tomás permanecem ali sozinhos e despreocupados por bastante tempo ainda, antes de pensar em dormir.
 Em outro lugar a noite não poderia estar melhor, não poderia estar mais perfeita. Uma risada atrás de outra e acabam de destrancar a porta ainda falando do filme que acabam de ver no cinema.
-A mulher atrás da gente parecia que ia nos bater! –Diego comenta.
-Não, e o cara da frente?
-Você jogou pipoca nele, Roberta!
-Ele não parava de tossir! Se tá gripado que fique em casa!
 Os dois fecham a porta e já vão guardando os casacos. A escuridão do lugar, a luz dourada do quarto. Toda uma visão solitária esfriava o estômago e enchia o coração deles de paz. A sentir que só havia os dois no universo e ninguém mais fazia tudo se acalmar e nenhuma tormenta poderia derrubá-los agora.
 E que aqueles dias que passariam ali durariam para todo o sempre em suas mentes e na saudade gritante do espírito sempre guloso por felicidade.
 Pequenas alegrias em cada piscar de olhos e eles vão tecendo as amarras do amor um pouquinho mais e essas que já são estreitas ao extremo.
 A janela de vidro no canto do quarto tem uma cortina leve balançando com o vento. Diego somente com uma calça de moletom, está parado diante dela a olhar os prédios, mas sente duas delicadas mãos passando por seu peito e algo quente a encostar em suas costas. Era um beijo dela.
-Tá sem sono?
 Diego se vira para Roberta que com a camisola preta de que falavam de manhã, sorri para ele, um sorriso meio apagado de sono.
-Não... –Ele passa a mão pelo rosto dela. –Tava te esperando...
-Ah, é? Que lindo...
-Vamos?
 Diego estende a mão para Roberta que ela enlaça os dedos nos dele. Em seguida caminham até um rio forrado de escadas para os mais diversos sonhares onde os lençóis remavam lento e calmo pelas horas.
 Dormem com o beijo do outro dentro da boca, o peso ainda como se estivesse um por cima do outro a introduzir a língua excitantemente provocativa e dançarina até que somente o encostar de um lábio no outro é suficiente para dar um prazer sem medida e um motivo para que somente sonhos bons apareçam.
 Com o embalo das mãos protetoras sobre o cabelo a retirar do pescoço descobrindo a face, ela adormece. Na curva da cintura as mãos de Diego se instalam e descem vez ou outra nos braços.
 Por trás de seu corpo Roberta sente o troco dele e os carinhos, agarra sua mão e dorme com ela. A sensação da pele dele e somente a pele grudada ao seu corpo sob o edredom a arrepia. Isso, apesar de não dizer, Diego sente, mas somente se permite uma alegria secreta ao perceber e um sorriso discreto ainda acordado.
-Boa noite... –Ela vira o rosto para cima com os olhos fechados.
 Um biquinho manhoso... Diego já vai depositando um toque suave de seus lábios nos dela depois de deslizar a palma por seu queixo, os dedos sentindo a fragilidade do sono a levar.
-Boa noite meu amor...
 A escuridão discreta e todas as horas passam sem perigo algum, às vezes e as fases que temiam, viriam sim, sem pestanejar. Mas as coisas boas ou ruins não passam de coisas. Coisas essas que por não terem muita definição e somente nos dar medo, chamamos de “coisas”. Mas será isso e muito mais, porque o tempo passa e os dias bonitos permanecem nos arquivos perdidos lembrando-os do que é ser feliz.
 Seria um palpite arriscado, mas vale a pena dizer, que talvez, mas só talvez, todos sabem o que é ser, nem que por milésimos de segundo, todos teríamos sido alguma vez. Afinal se não soubéssemos, ser feliz seria lenda. Essa identificação de algo que se deseja já nos mostra, bem ou mal, que já tivemos nem que uma pequena parcela de degustação da felicidade.

Comentários

  1. Amo sua web, é d+. Vc escreve mt bem, essa web daria um livro facilmente. Amo sua web leio des do 1º capitulo.
    Nunca pare de escrever.
    Bjs Lary

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  2. meeeeeeeeeeeeeeeeeeu Deeeeeeeeeeeeeus.. aline escreva um livro vooce é super-hiper-ultra-mega fantastica.. adoro sua wen ;) poooosta maais
    by: Vanessa M.

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  3. AI MEU DEUS estou morta de curiosidade para ver oq vem por ai!! <3

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  4. que coisa mais linda Aline, parabéns amei o capitulo demais
    bjs posta mais

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  5. Já pensou se escreveria um livro de DiRo?
    Garota...voce tem muito sucesso!
    Fã n° 1 aqui, cada dia visito sua web e leio praticamente os contos todos os dias!
    Muito mais sucesso pra voce garotaa!
    Parabéns!

    Daniele

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  6. Alineee eu to com o computador sem internet em casa logo na ultima semana dessa historia linda!
    ve se nao e azar to tendo que ir na lan pra ler mais ta lindo viu!
    (bjs Julia)

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  7. Garota, escreve um livro e manda pra Margareth pra ela por no roteiro da novela! Ou então, escreve e publica mas como historia de LuAr ;) Ia ficar muito massa !

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  8. Aline, na faculdade, coloca Diego numa faculdade que ele goste pf.

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  9. aline ta show sou fãn de mais da sua web novela parabens e eu to com vc pra margarety le viu sorte e tomare que ela vejqa e reconheça o seu telento a por ultimo posta mais

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