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Cap 88 - Madrugada à fora

 As armadilhas certeiras, a boca do lobo... O lenço da moça que está no meio do asfalto em exibição, chega ao solo em câmera lenta. Um quarto de segundo onde Roberta se segura ao perceber quem, ao seu lado, pisa fundo no acelerador.
-Diego toma cuidado.
-Você devia ter saído. –Ele não sabe se olha para ela ou para a pista quando a corrida começa.
 À frente há uma curva e eles se inclinam em grande velocidade. Diego olha para o lado e vê seu concorrente muito perto em um gol vermelho, logo depois olha para Roberta, pode perceber os olhos dela apertados a mirar a pista, os lábios um pouco afastados e as bochechas escondidas pelos cabelos.
-Diego!! –Ela grita desesperada.
-Que foi?!
-Achei que ele ia bater na gente!
-Não grita que você me distrai!
 Ela fica pouco mais de um minuto calada observando a encrenca em que tinha se metido. Entre tudo acaba por perceber como ele é habilidoso, nem sabia que mesmo sem habilitação, Diego dirigisse tão bem, domina as curvas e é muito astuto. Em seu semblante é nítida a concentração em cada movimento que faz pela madrugada na avenida.
-A gente vai passar por uma área mais deserta agora.
-E? –Roberta procura alguma utilidade nesta informação.
-E que a gente vai sair dessa corrida... Nossa!
-Que foi isso? –Ela se assusta com o barulho do carro.
-Não sei.
-Como não sabe?!
-Não sei Roberta! Tem alguma coisa errada... –Ele olha para baixo e a garota o grita.
-Diego, tá saindo fumaça!
 Sobre o capô uma fumacinha branca começa a pontar ainda com sutileza.
-Droga, devem ter sabotado! ... Também, o carro é deles.
-Deles?
-Se reparou eu não tenho carro. –E Diego faz uma curva brusca.
-Cuidado! Ele tá avançando!
 Diego tenta de todas as formas desviar do carro ao lado que tenta ultrapassar com violência. Quase bate no muro que ocupa todo o lado direito da estrada, mas aguenta até que saem a um lugar menos movimentado na BR próxima.
-Vai ser agora. Se segura!
 E Roberta perde a fala quando Diego freia bruscamente rodando o carro na área deserta saindo da pista e indo parar na grama. O carro escorrega dando passagem para o outro que os ameaçava, dando a impressão que Diego havia perdido o controle.
-Tudo bem? –Ele olha pra Roberta que retoma a respiração e olha para ele com um olhar raivoso.
-Quer ouvir a resposta?
 Diego ergue as sobrancelhas.
-Hm... Acho que não... “Vambora”!
 Ele liga o carro e retornam, desta vez bem mais devagar madrugada à fora.
-Vocês tem o que na cabeça pra disputar racha?
-O Pedro que deu a ideia... –Diego fixa na estrada. –Também é legal e eu vou continuar disputando.
 Roberta olha para ele incrédula.
-Diego! Você pode morrer ou até virar um vegetal em cima de uma cama, sabia?
-Tá preocupada comigo? –Ele sorri sem nenhuma preocupação e Roberta reluta.
-Eu não to nem aí... –A menina cruza os braços. –Só tô...
-Preocupada. –Diego completa.
-Cala a boca!...E leva a gente de volta logo...
-Êpa.
-Epa?
-Acho que o carro vai parar.
 Os dois se olham espantados, percebendo outra vez a fumacinha por cima do capô e a velocidade vai diminuindo.
-Diego a gente vai parar no meio do asfalto?
 Ouvindo isso ele vira o volante entrando na parte de um lote vago em terra, ou melhor, em lama.
-Ele não quer pegar...
 O carro parado no meio daquele deserto e Diego e Roberta discutindo feito cão e gato.
-Faz alguma coisa! –Ela se irrita.
-Não tem o que fazer, a gente vai ter que ir andando.
-Andando? –Os olhos dela se abrem e engole a voz. –Mas... Não é perigoso?
-Não é pior que ficar no meio da BR! Anda! Vem! –Diego abre a porta do seu lado e sai.
-Ah não...
-Que foi?
 Diego passa do outro lado e vê uma enorme poça de água do lado de Roberta que está na porta do carro pensando em como sair.
-Vem, eu pego você.
-Nada disso!
-Você vai se molhar!
-Não me importo! –Ela faz birra segurando na porta e se preparando para descer.
-Deixa de ser marrenta, eu só vou te ajudar a atravessar!
 A menina pensa por um momento.
-Ok... –Aceita como se isso lhe estressasse.
 Quando Diego atravessa a enorme poça molhando os pés para pegá-la nos braços e ela sente as mãos dele em volta de seu corpo, podendo segurar no pescoço dele bem perto de seu rosto, acaba por transparecer a emoção trancada nos seus porões da inconsciência.
-Valeu... –Ela diz sem jeito quando Diego, lentamente a coloca no chão, ficando ainda perto dela alguns segundos com as mãos em sua cintura. –É... Acho melhor a gente ir.
-Melhor... –Diego a vê saindo de suas mãos e se afasta. –Vamos então.

 No colégio, os dois casais discutem no porão enquanto Otto os observa com os olhinhos espertos em um e outro, com um enorme bico rosado. Esfrega os joelhos, sentado no chão entre as pernas de Carla.
-Você não devia ter ligado pra ela!
-Porque não? –Alice não entende Pedro. –Ela é a única que podia impedir!
-Acho que não, hein... –Carla escora o queixo com as mãos. –Acho que ela não vai lá...
-Eu também. E se for lá de que vai adiantar?
 Otto olha para Tomás como se dissesse “Que bocó”.
-Acho que muito. –Pedro expõe. –Acho que ela vai lá sim e vai fazer o maior auê.
-E tá certa!
 Todos olham para Otto que recosta nas canelas de Carla.
-Até parece que tu entende de alguma coisa, seu nanico!
 Otto se zanga e se levanta encarando Pedro.
-Entendo muito! Entendo que se correr de carro pela rua você pode se machucar e machucar os outros. A Roberta também entende isso e foi lá pra fazer aquele bobalhão voltar pra cá e se juntar a mais dois bobalhões que as duas ali... –Ele aponta com o dedão para Carla e Alice. -...Não deixaram ir. Mulher é quem manda “véi”!
-Ê!! É isso aí lindinho! –Alice puxa o menino que vai todo derretido no colo dela. –Quando crescer continue pensando assim tá?
-Porque? –Ele vira para olhá-la.
-Digamos que quando os garotos crescem eles ficam burrinhos.
 Tomás e Pedro trocam uma olhada de chateação e culpa, pois ao pensar bem nem sabem por que haviam entrado nesses rachas.
 A disputa em si, tão boa e tão má... Tão gostosa nas mãos do perigo... Sempre tão desafiadora e surpreendente, tinha um gosto de viver e morrer ao mesmo tempo, como se fossem uma coisa só.
 Mas e se a vida não é sua? E se a morte não é sua? E se o resultado de uma diversão não pode ser mudado? E se o “Game Over” não aceitar uma nova jogada e você perder para sempre a oportunidade de recomeçar o jogo?... Viver não tem replay, mas alguns não se lembram do óbvio.

 Diego e Roberta caminham mudos, olham para um lado e outro. Ao encontrar um posto de gasolina à frente avançam rápido.
-Vamos pedir ajuda!
 Ao ir se aproximando Roberta detalha o posto isolado naquela madrugada e sente um frio lhe percorrer o estômago. Segura o braço de Diego instantaneamente ao ver um homem os olhar, não parece trabalhar ali.
-Roberta, vai direto e não olha pro lado.
-Por quê?
-Faz o que eu to te falando!
-Tá bom...
 Eles passam em frente ao posto, mas não param. Seguem encontrando algumas casas na beira do caminho.
 “Enfim, civilização”! -Pensam eles.
 Roberta gela por um instante ao sentir alguém atrás deles, vira com cautela e percebe que o homem os está seguindo.
-A gente tem que entrar em algum lugar!
 Diego olha para trás e percebe o motivo.
-Mas onde? –Ele se desespera, não há nenhum hotel por perto, nem uma loja, nada.
 Os dois caminham cada vez mais rápido até que Diego agarra a mão de Roberta e eles correm virando uma esquina. Correm e correm percebendo que o homem atrás deles também corria, no repente eles se escondem atrás de um carro parado perto de um ferro velho. Veem quando o homem corpulento passa e joga uma garrafa de bebida vazia no chão e esta vira puro caco.
 Os dois se aliviam ao vê-lo partir e continuam a andar.
-Tem um hotel ali. A gente podia passar o resto da madrugada.
-Ir pra hotel?
-Prefere andar e correr ricos como o de agora pouco?
 Roberta pensa no susto que havia levado há alguns minutos e antes que termine o pensamento já está seguindo Diego até a entrada do pequeno hotel de apenas três andares.
-Você só pegou um quarto? –Ela abre a porta desconfiada.
-É melhor, esse lugar é muito suspeito, não viu a cara do gerente não?
 Roberta não responde, somente dá um sorriso involuntário ao ver que ele quer protege-la.
-Não se preocupe, eu durmo no sofá.
-E tem sofá aqui? É menor que o banheiro onde ele deixou a gente tomar banho! –Roberta observa.
-Mas tem uma poltrona, eu durmo nela, já deve ser umas 3 da manhã, não vai dar pra dormir muito mesmo.
 Diego retira a carteira do bolso enquanto Roberta se deita no canto da cama de casal se enrolando em um cobertor fino. Os lábios carnudos e o brilho nos olhos da menina o deixam preso quando se vira.
-Que foi?
-Nada. –Diego procura a perdida poltrona.
-Tá frio né?
-Percebi.
-E só temos um cobertor.
-Pode ficar.
-Deixa de ser bobo e vem deitar aqui...

Comentários

  1. noooossa Aline assim voce acaba comigo,muito bom nossa posta o procimo!

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  2. ain meu Deus .. eles vão voltar néh? estou muito anciosa pelo proximo capitulo ! bjs

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  3. eu me recuso a acreditar que você parou aí, não to acreditando que vou ter que esperar até amanhã :(( amanhã vc posta né Aline ??? pfv

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  4. Uhul!!! outro cap perfeito!!! Posta mais por favor!!! (Scheila)

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  5. AFS ALINE VC SE SUPERA A CADA CAPITULO PARABENS ANSIOSA PRO PROXIMO VOU ACABAR FICANDO SEM UNHAS MESMO RSRSRSRSR =)

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  6. Maaaaaaaaaaaaaaaaaaisssssss
    vc escreve cada vez mais PERFEITAMENTE!

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  7. qndo você vai postar o próximoo ?? num demora naum viu ... se não eu vou ter um trecoo ...

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  8. Posta o resto até 0:00 PORFAVOR

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  9. lindo Aline posta mais to morrendo de curiosidade !!!

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  10. Maaaaaaiiissss
    reconciliação rola no proximo capitulo?
    Ass: Nathy

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  11. haaaaa vou ter q esperar até amanhã pra ler ..... vo morre de curiosidade POSTA MAIS UM CAPITULO POR FAVORRRRR !!! AMO SUA WEB BY : BRUNA

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  12. Posta logo, ta muito bom!!!!!!!!!

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  13. Ameii comecei a comentar agr Aline mas amo tds desde o começo Bjs

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  14. 89 preciso do 89 aaahhhh by: may

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  15. nossa vc quer me matar de curiosidade
    posta o 89 se naum eu vou morrer
    e naum so eu pf pf tenta postar o mais repido possivel
    e vc tem um talento impressionante incrivel tomare q a @mboury leia
    sorte pra tii

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  16. Posta logo..mt anciosa para ver..e tomara q eles voltem!!!

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  17. Escreve mt bem Aline...perfeito

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  18. posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta
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    posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta
    posta posta posta posta posta posta

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  19. fogo vc me deixa sem ar com os seus textos... lindo demais bjs
    posta mais

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  20. posta o 89 por favor vo morre de curiosidade

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