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Cap 75- Na adrenalina dela

 No apartamento de Vicente, Carla e Tomás não se acertam, há algo que a garota não quer lhe dizer.
-Mas, por quê? Eu posso saber?
-Não.
-Carla, eu não tô te entendendo! –O garoto se irrita. –Você estava no quarto com o Pablo? Sim ou não?
-Não! –Ela diz emburrada.
-E tava lá com quem, então?
-Com ninguém! Eu saí antes dele chegar, eu nem sabia que a Roberta tinha ido pra lá, não vi como ele chegou, não sei de nada, entendeu!?
-E toda aquela comida? E dizer pra Roberta que você iria se encontrar comigo? Você tá doente de novo?
-Não! Eu só queria ficar sozinha um pouco, só isso e eu não to doente, só estou me alimentando bem! Não tem nada demais, entende isso!
-Entendi sim. Isso eu entendi, mas tem coisa que tá faltando nessa história, eu sei que tem. Não sei se você tá acobertando o Pablo ou...
-Você acha que eu seria capaz disso?
-Eu achei que você não era capaz de mentir pra mim e tá mentindo! –Ele a olha com decepção.
-Eu prometo que te conto, mas não agora.
-Eu sabia que tinha alguma coisa.
-Entende que eu não posso dizer, por favor...
-Não, isso eu já não vou entender.
 Tomás sai chateado do apartamento e mesmo que Carla queira muito sair atrás dele, sabe o quanto é teimoso e não importa o que diga, a única coisa que poderia fazê-lo retornar seria a verdade, e isso ela não poderia, ou não queria lhe dizer.
 Talvez fosse algo sem sentido, mas o rapaz sabia que Carla estava escondendo algo.
 Ela não poderia estar sendo cúmplice de Pablo, também não iria fazer Roberta passar por aquela situação de ficar presa com ele. Mas afinal, ela levou toda aquela comida para quem? Teria comido tudo sozinha e vomitado? A bulimia estaria atacando-a de novo? Ou tinha alguém lá com ela? Se não, o que era esse segredo que o quarto 16 escondia?
 As coisas que não se acertam, parecem vibrar nas mentes muito mais que na realidade, por isso algumas são melhores nos pensamentos, mais alucinantes que na realidade.
 E então deixemos a correria dos olhos, a feira masoquista dos neurônios. Ande pelos vales do teu jeito insano e semeie um conto de clichês baratos. Deixe que uma frase feita te console e que um olhar imaturo te leve e te eleve ainda ao grau que teu ser não vê...

 Há uma rede na varanda dos fundos, amarrada entre duas madeiras grossas e envernizadas. Ela dá vista ao jardim aberto onde mais à frente, um lago com uma bela árvore ao lado completa o lerdo piscar dos olhos.
 Diego está deitado de costas na rede com Roberta praticamente por cima, com o rosto em seu ombro, o braço em seu peito e as pernas sobre as suas. Ela solta uma respiração mais forte ao lhe dar um beijo no rosto.
-Acho que eu já disse que te amo, né?
-Disse...
-Foi lindo o que você fez, acho que não vou cansar de dizer isso... –Roberta levanta o olhar e mira no dele.
-Lindo é ter você aqui.
 Os braços dela não resistem ao carinho das mãos dele e sedem ao arrepio.
-Mas posso te falar uma coisa?
-Claro. –Ele firma a atenção no que vem.
-Eu tô um pouco angustiada.
-Por quê?
-Porque eu tenho medo do que você possa ter pra me dizer.
-Medo? Você? E você lá tem medo de alguma coisa?
-De te perder eu tenho. –A expressão é tensa.
-Você sabe então?... Que eu tenho algo ainda pra dizer?
-Ai, diz logo, vai? –Roberta se agita.
 A impressão que tem é que o coração está se desfazendo mais e mais nos milésimos de segundo em que espera a resposta. É necessário ouvir, mesmo que seja para perder as rédeas do que acredita ser controlado, mas nunca é.
-Feliz aniversário... –Ele sorri segurando o rosto dela nas mãos.
 Roberta fica sem reação, os ouvidos estranham a frase e ficam desnorteados os pensamentos que esperavam algo diferente do que foi dito.
-Fez um ano ontem... –Diego prossegue. -Eu sei que a gente que não ia se cobrar como todo mundo faz, isso de datas e tudo... Mas me deu vontade, então ontem eu aproveitei que tinha um tempo.
-Um ano? –Ela brinca com a molecagem que tem nas expressões alegres e se deita sobre o peito dele para recomeçar.
-É... Um ano... E a gente ainda tá só no começo dessa história...
 E naquela tarde, sem nenhum barulho os incomodar, além da companhia do vento, só conhecem as músicas dos insetos, das borboletas que pousam na beira do lago, joaninhas bobas e formigas maliciosas que passeiam pela grama. Tinha tudo o calor imperfeito, a voz das nuvens imperfeitas e os sentimentos imperfeitos, mas que são na sua imperfeição, completamente perfeitos.
 E quando ela, vez ou outra apertava-se contra ele naquele pequeno espaço de preguiça, causava-lhe um arrepio interno que Diego até tentava controlar, mas não conseguia. Era difícil pensar quando ela ficava assim, toda dengosa e feroz, lhe mordendo os lábios nos intervalos do beijo, sempre com um jeito provocante que causava nele todas as reações internas possíveis. Era difícil se controlar quando parecia que Roberta comeria sua língua ao rebuscá-la com tamanha sede no fundo de sua boca e ao sentir que ela estava inteira por ele.
 Não, não era possível resistir, e antes que percebesse, Diego já estava apertando aquela cintura e deitando sobre aquele corpo entregue. Fazia seus carinhos e lhe dava beijos com tanta ternura e tanto desejo que Roberta passava a impressão de estar desligada até mesmo de onde estava, sabia somente que estava nele e isso era a indefinição física de que precisava.
 Quando Diego ouve sua respiração e seu suspiro involuntário, tem vontade de apertá-la tanto quanto é possível e fazer com que esse frenesi se multiplique nela, com seus toques e com sua excitante vontade de fazê-la ficar ainda mais perdida em suas mãos.
 Passam assim um bom tempo antes que fosse preciso realmente parar, antes que o corpo pedisse muito mais do que, naquele momento, era possível realizar.
 Quando o sol está mais fraco, ainda há tempo para um lanche no gramado, perto do lago. Ele segura a mão dela enquanto caminham até lá. Ao deixar uma toalha sobre o local escolhido eles se sentam. Roberta logo conta a ele o ocorrido no quarto 16.
-Ele disse isso? –Diego fica irritado. –Esse cara vai me ouvir!
-O Pablo estava estranho.
-Eu sabia desde o cruzeiro que ele estava a fim de você! –Diego olha ao longe ainda bravo ao imaginar a cena.
-Ah, mas não fica desse jeito, hoje o dia é nosso! –Ela sorri. –Eu só te contei porque você sabe que eu te conto tudo.
-Por falar em contar tudo, tem mais uma coisa que eu não te disse...
-Já são muitas... –Ela observa.
-Meus exames saíram.
-E?
-O meu coração está bem, não tenho nenhum problema cardíaco.
 Roberta abre um sorriso enorme e o abraça.
-Eu sabia, eu sabia!
-Mas... –Ele deixa um ‘porém’ na alegria dela. –Eu ainda to com a pressão alta.
 Roberta vai se soltando aos poucos do abraço e segura as mãos dele.
-Mas então isso quer dizer...
-Quer dizer que eu vou ter que tomar alguns medicamentos e seguir uma dieta que o médico passou. Não vou poder jogar futebol e nem malhar por um tempo.
-Sério?
-Sério... Vai ser chato, mas eu vou ficar legal...
-Claro que vai, eu vou cuidar de você... –Ela volta a brincar.
-Vai cuidar é?
-Vou... –Ela faz bico e começa a zoar o namorado. –Vou te entender, sabe... Sei que você vai precisar de repouso... Vai ficar indisposto e não vai poder...
-Indisposto? Você vai ver o que é indisposição, e é agora!
 E ao falar isso, Diego avança sobre Roberta que escapa rindo e foge correndo pelo lugar. Os cachos dela saltam nas costas e seu riso ecoa em toda parte. As mãos dele a agarram quando é alcançada em alguns segundos e a levantam nos braços. Ambos caem sobre a grama e continuam a se divertir, sentindo o hálito quente do outro, queimar a boca. O coração dele precisaria se acelerar com o dela e bater assim, comprimido àquele peito para manter-se bem, para manter-se na adrenalina dela e em seus sabores. Dentro dos seus olhos ele era vivo e assim permaneceria se com ela estivesse. E é no segundo em que precisa rir com ela e precisa beijar sua boca, que encontra os motivos para se sentir bem. Nas necessidades de estar onde nada tem inferior beleza e se deixar perder da existência para satisfazer suas pequenas coragens que os obrigam a brincar de felicidade.


<<Cap 74     Cap 76>>

Comentários

  1. Amei...Ta lindo esse capitulo...Parabens!(Priscila)

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  2. OMG!!!Que cap fofo!!! Aline!! continua por favor!! bjksss (Scheila)

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  3. Ah!! Que bom que o Diego não tem nada sério!!! Pra namorar a Roberta tem que ter o coração forte né? rsrsrs (Scheila)

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  4. muito fofo esse cap... !AMEI! ler a sua web é como ler um livro e as cenas vão surgindo na cabeça...

    aline ele já comentou cm ela sobre o diario?
    se comentou acho que perdi essa parte.

    #ah vc sabe se a darly tbm tem um blog de web novela luar??? (poly)

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  5. Eu adr, quando vc vai postar o 76? posta logoooooooooo pfff q eu to mt curiosaaaaaaaaaaaa!!!!!!

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  6. Aline posta o capitulo em que o Diego vai falar com a Roberta sobre o diario!(Priscila)

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  7. gente calma ela vai postar quando der
    e ta maravilhosa parabens pelo 74 chorei mtoooo
    vc tem um dom incrivel e lute pelos sus sonhos hahhaha

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  8. amei o capitulo aline...vc escreve mtmtmt bem, posta mais, por favor!! n enjoo de ler...posta o 76 logo, por favor!!

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  9. posta a 76 por favor , ah e esse capitulo ta muito lindo parabens vc é muito talentosa daria uma otima escritora (soraya)

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  10. não era o Pablo que estava afim da Roberta no cap. 74 e agora é Rodrigo ??

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  11. Ah, eu troquei os nomes, valeu, se não tivesse falado eu nem tinha visto, é o Pablo não é o Rodrigo, corrigido ;)

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  12. Aline quando vc vai postar o 76?? me responde pf!

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  13. Amei,amei,amei!
    muito boom,mesmo,mesmo,mesmo.
    É... também quero ver ele comentando sobre o diario com elA.Vai ser demais,tenho certeza!
    'Mariin Aguiar

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  14. Aline que horas vc vai postar? me responde pf

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  15. Mais um capitulo maravilhoso, parabens amiga!

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  16. Poly, eu tenho blog sim mas não é de LuAr, caso queira dar uma olhada.... deixa comentario se gostar.bj
    http://diariodasdelicias.blogspot.com.br/

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