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Cap 54- Otto

  Alice pela última vez tenta escapar de Pedro, que não a deixa voltar para o quarto em busca de uma conversa que possa por os pingos nos i's" .
-Isso já tá ficando chato!
-Eu que o diga! -Alice põe as mãos na cintura, irritadíssima. -Será que dá pra gente ir dormir?
-Só porque aquele cara disse?
-Escuta, Pedro! Eu to com sono, já é tarde e eu não vou passar minhas férias me estressando. Fui!
 Pedro pensa em segui-la outra vez, mas Tomás surge.
-Deixa ela, cara...
-Conseguiu se acertar com a Carla? -Ele observa a cara abatida do amigo que responde irônico.
-O que você acha?
-Acho que é melhor a gente ir... Amanhã a gente conversa com elas...

 E cabisbaixos, os garotos seguem para a cabine, que aliás estavam dividindo. Uma noite de muita novidade e muita confusão talvez traria alguns sonhos perturbadores até o amanhecer.

 Na cama de Roberta as pernas dependuradas se mexiam uma sobre as outras enquanto eles brincavam de namorar.
-Ai!
-Que foi? -Diego levanta o rosto sorrindo.
-Essa mordida doeu...
-Ah é? -Ele sabe que não e que Roberta está de graça. -Deixa eu aliviar...
 Ele desce ao ombro mordido e ao lado da alça do top começa a semear intensos beijos enquanto segura seu pescoço. Roberta fecha os olhos e sente o ar quente da boca de Diego subir por seu pescoço, passando por sua bochecha até atingir os lábios, que são pegos por um molhado intenso, pesado e que misturava ao dela em um movimento frenético.
 Diego passa a mão por trás de suas costas e ela envolve os braços em seu pescoço, ambos se trazendo para mais junto até que ouvem um barulho.
-Ops... -Roberta para o beijo.
-"Ops" o que?
-A Alice divide o quarto comigo...
 Os dois se levantam e sentam lado a lado na cama, desapontados.
 Quando Alice acaba de entrar, para, achando estranho e dá uma risadinha disfarçada.
-Que foi? -Roberta a olha com cara de boba.
-Vocês!
 Diego e Roberta se olham e respondem ao mesmo tempo.
-Que tem?
-Vocês acham que enganam alguém, é? Essas carinhas inocentes... Sei...
 Alice caminha até o banheiro e ao sair, ela deixa que o casal se despeça. E com um minuto mais de privacidade na porta, tantas vezes aberta e fechada aquela noite eles conversam.
-E a festa? -Diego segura as mãos dela frente à frente, como quase sempre.
-Acho que começa ás 8...
-E a sua fantasia?
-Ah, é de...
-Não, não me conta! Eu quero surpresa... -Ele segura a curiosidade. -Mas posso fazer uma pergunta?
-Pode.
-Tem muitos botões?
-Hã? -Ela não entende e ri.
-Espero que seja de zíper... Botão demora muito pra abrir e...
-Tiau! -Roberta acha graça mas o empurra.
 Diego segura seu rosto e lhe dá um beijo enquanto vai sendo afastado pelos braços dela para que fosse embora. E ela se mantém assim, aceitando o beijo e fingindo que o queria longe, até se soltarem.
 Ao retornar ao quarto e flutuando em uma bolha de bobeira, ela encontra Alice com o papel em mãos.
-Que conversa de doido é essa?
-Não te interessa! -A rebelde o toma da amiga e amassa.
-Por que você fez isso? Eu queria terminar de ler!
-Isso é pessoal... -Ela esconde e se joga na cama de costas para Alice.
-Vocês são o casal mas estranho que eu já vi... "Estiloso Utensílio que a Tv deu ao Espelho que Amo?"
 E conforme Alice anda e arruma suas coisas, continua falando sobre as frases. Não sabe ela que Roberta quase não está aguentando segurar o riso. 
 O amor, às vezes, não parece mesmo fazer sentido, ele está em tantos lugares estranhos, em tantos choques culturais e tantos diálogos cruéis e não vemos! Como esperar que ela visse em algo assim? Ou melhor, como esperar que qualquer pessoa veja o amor, além daquela que o sente?



 E os sonhos bons e maus terminam, o dia clareia e todos se juntam no café da manhã bem cedo, parece que tinham pressa por levantar, apesar de a maioria mal se falar.
 A mesa arrumada com frutas tropicais, sucos bem coloridos e com uma vista linda pela enorme janela de vidros transparentes, dão um toque de férias perfeitas.
-Que clima... -Diego abaixa a cabeça e toma o suco após observar os amigos em volta.
-Espera só para conhecer os irmãozinhos maravilha que você vai ver o que é bom...
-Eu já conheci, Tomás... 
-E pela sua cara também não gostou muito deles, né? -Pedro ressalta.
-É... Não me simpatizei não.
-Mas a Roberta gostou, não é? -Alice se vira para ela, inocente. O encanto que tinha por Pablo e Rodrigo a impedia de perceber a mancada que estava dando.
-Eu? -Ela não sabe o que responder. -Eu achei... Que são simpáticos, agradáveis...
 Diego não faz uma expressão muito boa e a namorada percebe. Antes que o silêncio estrague o alimento que estava diante deles e que, diga-se de passagem, com uma aparência ótima, surgem Pablo e Rodrigo.
-Bom dia!
 As meninas ficam felizes em vê-los e todos se cumprimentam. Os namorados fazem a pose que é típica de quem quer defender o território. Peito empinado e queixo pra cima. Só faltava as armas e estariam prontos para o duelo.
-Nós queríamos resolver as coisas, não estamos querendo nada mais que fazer amigos aqui no Brasil. Não queremos inimigos.
 Pedro, apesar de enciumado, chama os dois para tomar café com eles, o que deixa Tomás zangado.
-Tá ficando maluco? 
-Psiu... -Pedro fala de lado, disfarçando. -É melhor assim, a gente fica bem com as meninas e descobre mais sobre os dois...


 Eles começam a tomar café e sem rodeios Pablo começa a puxar assunto com Roberta.
-Você já acabou o livro que estava lendo? 
-Bom... -Ela reluta. -Ainda não.
-Eu consegui a próxima edição.
-Não brinca? -A emoção fala mais alto. -Como? Achei que nem haviam lançado!
-Eu consegui com meu primo que mora nos Estados Unidos.
-Sério?...


 E assim os dois começam uma longa conversa. Roberta nem percebe a cara de Diego, que mesmo disfarçando, não consegue evitar aparentar desconforto com tudo aquilo e acaba por sair. Vai para fora, onde se debruça a olhar o mar... Uma imensidão que se movimentava e fazia um som único. O vento e a maré agitada, parecia de acordo com seu jeito naquela manhã. Estava agitado e confuso, mas não era bom ficar longe de Roberta, o outro teria caminho livre, era melhor ficar por perto, resolve então retornar à mesa mas é abordado por uma garota que chega aflita.
-Por favor, eu perdi meu sobrinho!
 Diego para um instante e a olha. Tinha o cabelo curto, loiro como o da namorada, mas liso e repicado, o estilo lembrava a Hayley Williams, só não parecia muito uma roqueira, aparentava mais uma universitária, talvez uns 22 ou 23 anos.
-Ei você pode me ajudar? -Ela segura o braço de Diego que espantado com a agitação, nem responde. -Por favor!
-Ok, ok! Mas como você perdeu ele? 
Os dois começam a andar rapidamente.
-Como ele é? -Diego se interessa.
-Bom... Ele se chama Otto, tem seis anos, gordinho, cabelo preto, não muito curto e...! Ur! É uma peste! -Ela aperta os punhos.
-Mas qual foi o último lugar que você viu ele?
-Na piscina! -Ela olha em frente muito irritada.
 Nesse momento Diego olha para uma das mesas e percebe um pezinho pontando e cutuca a garota.
-Ah, se eu pego...
-Espera... -Diego atua. -É melhor a gente ir, o Otto não tá aqui não... 
 E assim que os dois se afastam um pouco o rostinho apreensivo aparece, dois olhinhos amendoados e grandes bochechas vermelhas olham desconfiados para os lados até que sai de baixo da mesa. Só não esperava ter a mão da tia agarrando seu pulso.
-Me solta! -Ele tinha lábios tão volumosos quanto suas bochechas e juntava eles com toda raiva que parecia ter.


 A manhã havia começado bem, as novidades não paravam de surgir e cada vez mais pessoas novas aparecendo.
 Ao rodar grande parte do navio em busca de Diego, Roberta enfim o encontra.
-Ei, eu te procurei por horas! -Ela aparece furiosa e estranha a companhia do namorado. -E ele?
 O garotinho ao lado dede sorri para Roberta, uma simpatia gratuita surgia à primeira vista.
-Eu sou...
-Otto! -A garota chega e o agarra pelo braço. -Você vai ver quando a gente aportar!
 Ao perceber a situação os quatro ficam em silêncio.
-Alguém pode me explicar o que tá acontecendo? -A rebelde fica totalmente perdida.
-Bom, Roberta, essa é a Fran... Eu tava ajudando ela com o sobrinho dela, esse aqui. Ele tava perdido.
 O menino acena para Roberta.
-Você tem namorado?
-Ei, tira o olho moleque! É minha namorada! -Diego brinca.
-Achei que tivesse namorando a minha tia!
-Cala a boca Otto! -Fran se irrita facilmente com o garoto.
-Bom, agora eu vou deixar vocês... 
-Muito obrigada Diego. Qualquer coisa é só falar!
 A garota sai apressada, na verdade aparentava estar sempre com pressa. Arrastava o garoto que se esforçava para acompanhá-la, mas só as pernas dela eram do tamanho dele. Então ficava muito cômica a cena. Mas havia em contraste com isso, uma nova cena nem um pouco alegre. Roberta de braços cruzados olhando para Diego muito séria.
-Fran?
-É o nome dela! -Diego não dá importância.
-Duvido que o cartório tenha registrado isso!
-Tá, é Francisca, mas ela não gosta!
-Ah, então vocês conversaram bastante pelo visto! 
-Não tanto quanto você e o Pablo! -Diego joga tudo como se quisesse se aliviar.
-Diego eu...
-Não, não precisa explicar de novo! Vocês são amiguinhos... Já entendi! 
-Você e a "Fran" também? -Ela fica de cara amarrada.
-E se for? Algum problema?
-Nenhum!
 Após dizer isso a rebelde sai pisando alto. Diego quer ir atrás dela, mas também está zangado. Então se contém e decide tomar um banho de piscina. Mas nem toda a água do mundo lavaria os pensamentos que trazia, nem suas ondas de dúvida.
-Ciúmes é bom? E se não é? E se não existe? E se existe onde não parecia existir? É ruim com ele ou pior sem ele? Como se mede isso?
 E se a fervura da cabeça dele pudesse fazer ferver a água da piscina assim que mergulha, com certeza faria toda ela se evaporar.
 A vontade era de ir lá e beijá-la, até mesmo quando a viu zangada e olhando para eles com aqueles olhos tão profundos e cheios de vida. Ficava linda irritada, dava ainda mais vontade de agarrá-la.
 Roberta também não fica diferente. Volta para uma das mesas do outro lado e fica sozinha embaixo do sol da manha e do vento que desprendia seu cabelo da presilha que havia posto. Precisava de muito orgulho para fingir que não queria ir atrás dele, para não sorrir e achar lindo ao se lembrar do que Diego havia dito para Otto: "Ei, tira o olho moleque! É minha namorada!"... 
 Roberta se segura, mas que vontade de pular naqueles braços e beijar aquele rosto bravo e derreter toda aquele ciúme que também queria que ele derretesse nela.
 Mas ficavam assim, cada um de um lado, temendo ser bobo demais e sendo muito mais por evitar ser...






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Comentários

  1. Ainnn ameii esse capitulooo!!!
    Acho bem certo colocar uma menina pra fazer ciumes tbm na Roberta!!! Adoreiii ansiosa pela festa!! Bjoxx

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  2. Como esses dois são orgulhosos!!! Espero que se reconciliem logo! (Scheila)

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  3. que me matar? caraca adorei o otto !! ai a roberta com ciumes eo diego tambem , a roberta deve ficar muito linda nessa fantasia, kkk dexar o diego bokiaberto , super anciosa para o proximo capitulo ..., amo de mais seu blog !! muito perfeito !!

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  4. adorooo!!! já comentei várias vezes no Chat, cada vez q leio mais quero ler...Beeijo.

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  5. vai postar o proximo capitulo ou por hj é só?

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  6. Marina,quero você de volta !! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK BRIMKS

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  7. nossa amei esse site entrei uma vez semana passada e naum consigo parar de ficar lendo relendo as historias e o otto amei

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