Pular para o conteúdo principal

Cap 39- Hoje eu vou cuidar de você

  Não importa para onde queiramos correr, o que nos atormenta não está no mundo, está em nós. Os problemas perseguem nossa mente, nossos passos, nossos olhos... O problema não está aqui ou em qualquer outro lugar. O problema somos nós.


 Um lugar neutro era do que precisavam. Diego abre a porta de seu quarto com muita cautela para não acordar seu pai e sua madrasta. Haviam entrado pelos fundos e ao menos acreditava que ficaria tudo bem.
 Roberta entra e caminha de braços cruzados em sua frente. Parece sem rumo.
 O rebelde encosta a porta, segue até ela com um ar preocupado já a abraçando muito carinhoso.
-Vem, me conta o que ouve. -Ele senta em uma poltrona no canto e Roberta frente a ele em um puff. Os dois dão as mãos. 
 Diego ouve atento mas não compreende.
-Mas como? Eu não vi nada.
-Eu juro! Tinha um envelope preto com um bilhete igual aqueles que eu tava recebendo, dizendo "eu vou te pegar"! Eu tentei sair e trancaram a porta! Apagaram as luzes e...
-Roberta, calma... Fala devagar, eu não to entendendo nada! Quando eu entrei tava tudo normal!
-Ai! O que mais você quer que eu diga? De repente a luz acendeu, eu fui até a porta e tava aberta! Daí eu saí feito louca! 
 Diego a olha de modo estranho.
-Mas eu não tô louca... -Ela fecha a cara.
-Oh, minha linda, claro que não, você só está nervosa... 
-E não era pra tá?
-Ei, vem cá... -Diego a puxa e Roberta senta em seu colo. Como em um passe de mágica ela já o olha bem calma, com um sorriso morno e escanteado.
-Diego... -Ela passeia com os dedos nos cabelos dele.
-Fala.
-Eu não quero voltar pro colégio.
-Nem vai... 
-Não?
-Não... -Ele dá um sorriso, enquanto sua mão, devagar, vai sentindo a serenidade que se forma no rosto dela. -Hoje eu vou cuidar de você.
 Ela vai se acalmando e deitando sobre ele. Os olhos piscam devagar quando sua cabeça se apóia nos ombros dele. 
 E no quarto quieto, eles então se beijam. Esticados na poltrona frente a cama, se prendem na presença que tem da pessoa que amam dentro da boca constantemente. 
A maneira como engolem a essência, e se alimentam de cada milímetro do calor do corpo que permanece junto e abrigado naquele abraço, é tão necessário quanto o oxigênio.
 E se beijam até que o cansaço toma conta, e até que pouco a pouco o ritmo diminui e os lábios se soltam, ainda sem ordem, ainda querendo voltar pra dentro, pra onde estavam brincando tão prazerosamente.
 Mas dormem...



Quando no colégio o dia começa, calmamente Marina caminha pelo corredor. Ela se assusta ao ver alguém que não imaginava que pudesse aparecer por ali.
-Mas o que você tá fazendo aqui? -Ela fica totalmente alterada.
-Eu preciso falar com você, pirralha!-A mulher alta, de cabelos longos e negros mostra que não está de brincadeira.
-Olha como fala! Ou esqueceu que eu posso te mandar pra cadeia?
-E eu posso te mandar para um hospício de adolescentes!
-Isso nem existe, sua imbecil! -Notando que alguém se aproxima, Marina puxa a mulher para uma sala vazia.
-Anda, entra logo!
 Entre empurrões e mentes perturbadas, vai surgindo um tenso diálogo.
-Olha, eu só vim aqui porque um tal de Fábio me procurou pra dizer que me entregaria para a justiça se eu não o ajudasse.
- E o que você fez? 
- Eu vim atrás de você ué! –A mulher olha Marina indicando que o que estava fazendo, era o óbvio a se fazer.
-Urr!! Sua idiota! Ele jogou um verde e você entregou tudo! -Marina anda de um lado para outro sem acreditar no que ouve. –Ele agora tem certeza!Não acredito!
A porta se abre repentinamente e Binho aparece.
- Eu disse para não brincar comigo... - Ele a rodeia, olhando de cima a baixo, com sorriso  presunçoso.
 A mulher misteriosa permanece no canto, sem reagir. Sua postura durona parecia tão frágil quanto a bondade de Marina.
-E o que você acha que pode fazer Binho? Será sua palavra contra a minha! Não esqueça que você é o principal suspeito querido... 
-Ah, é? -Ele sorri e puxa uma filmadora. Solta uma gravação que havia feito da conversa das duas.
 Marina arregala os olhos e  ficando fora de si, ela parte para cima da mulher. Mas antes que atinja, Binho a segura pelo braço.
-Ei, ei, ei! Quietinha! Eu sou sua preocupação aqui, lindinha! Não ela! -Binho toma as rédias da situação.

 Marina se afasta-se um pouco, respira fundo, ajeita o uniforme e o cabelo calmamente. Binho a olhava perplexo, ele a odiava, mas não conseguia disfarçar a admiração que sentia.  A frieza e o calculismo de Marina o fascinava, era como ver sua versão feminina. Era diferente de Pilar, que a todo momento se dividia entre o bem e o mal.  Marina não, ela era má, e só má.
-O que você quer afinal?- Ela pergunta em um tom tão casual que nem parece que está se tratando de chantagens e ameaças.
-Quero que me inocente!
-Mas ao que me consta, você gosta de ser o vilão... - Marina fala docemente e o olha com uma mistura de cinismo e charme. Claro, sendo como era, percebeu que Binho de uma certa forma a admirava. Então por quê não tirar proveito?
- É, mas quero ser vilão aqui, e não na cadeia!
Ela rodeia, jogando seu charme. Chega perto e passa a mão em seu cabelo. Desfila pela sala calma, como se nada tivesse acontecido. Senta na mesa principal e cruza as pernas.
-Se não sabe, eu não sou do tipo que trabalha em dupla.
-Nem eu quero fazer dupla com você! -Ele se aproxima rindo. -Só quero voltar pro colégio, você apronta das suas, eu das minhas, cada um do seu lado. Ninguém atrapalha ninguém.
Marina levanta, caminha até Binho, mas quando ela ia tenta passar as mãos em seu peito, Binho a segura pelos pulsos e a afasta.
- Nem vem! Você não faz meu tipo!
Marina, longe de se ofender, afastou-se com um sorriso manso.
-Tô sabendo! Você gosta de quem você possa manipular. E comigo não funciona. -Ela dá mais uma volta mexendo no cabelo, pensando os prós e os contras, porém não tinha saída, Binho podia dar muita dor de cabeça e era melhor tê-lo por perto.
-Ok! Mas nada de ficar no meu caminho, ou eu arrumo rapidinho um jeito de...
Ela não termina a frase, Binho sai da sala sorrindo para ela, que retorna logo o olhar para a mulher, que a encarava.
- E você?! Tá fazendo o que ainda aqui? Some! -Ela faz ar de desdém. -Mas some mesmo! Ou quem vai sumir com você serei eu! Talvez você se encontre com o "Gordo" na cadeia, mas isso se tiver sorte.
A mulher sai rápido, encarando Marina e engolindo seco.

-Agora está tudo encaminhado, só resta esperar. -Marina faz uma expressão de desgosto e aceitação. Afinal não lhe restava outra saída a não ser aceitar os fatos.



No dia seguinte, lá está Binho, reintegrado ao Elite Way. Caminha de cabeça erguida deixando todos pasmos com sua presença.
-Descobriram que o mandante do crime era mesmo o tal louco que invadiu o camarim da Eva!
-Sério?
 As fofocas correm soltas de um ouvido a outro, e não se fala em outra coisa.
 Ao chegar ao jardim, o vilão recém admitido encontra Pilar.
-Oi cúmplice! -Ele sorri sedutor.

-Acho que você agora tem outra cúmplice. - Pilar cruza os braços e fica séria.
- Não sei do que você está falando.
- A Marina te ajudou a voltar que eu sei!
- Que é Pilar?! Ta com ciúmes? -O garoto fica muito satisfeito com o jeito que a deixa.
- De você?! Nunca! -Ela tenta disfarçar.
- Eu fiz de tudo para voltar achando que você ficaria feliz em me ver! Eu disse que não era culpado viu!
-Nem vem que você não liga pra ninguém. -Pilar quer fugir mas suas pernas não agem.
-Eu não sou do tipo romântico, você sabe...
-Olha Binho, se você tá aqui pra tirar onda com a minha cara...
 Ele coloca o dedo em sua boca para que não complete a frase.
-Eu tô apaixonado por você.
 Ela olhava sem acreditar. E tocando seu rosto assustado, ele a beija.


 Na casa dos Maldonado, Sílvia sai de seu quarto para ir ao dos bebês. Na ida, estranha ver que a porta do quarto de Diego está entreaberta.
-Ué... Será que a empregada esqueceu de fechar quando limpou? -Ela se aproxima e resolve entrar. -Mas o que é isso?
 Ao ver Roberta e Diego abraçados e abrindo os olhos sonolentos, ela fica desconcertada. Eles haviam passado a noite sobre a poltrona, que mesmo grande não era assim tão confortável quanto uma cama, mas dava pra imaginar outras coisas.
-Sílvia, a gente...
-Diego! Vocês dois não...
-Não, não aconteceu nada! -Roberta já vai avisando.
-Sinto muito, mas eu vou ter que avisar o seu pai Diego... E a sua mãe também, Roberta.
 O casal se olha assustado.

 Não passa muitos minutos até que Eva chegue a casa de Leonardo, que por sinal está furioso.
 De longe sentados na escada, Roberta e Diego observam as tentativas de Sílvia para acalmá-lo na turbulenta conversa que se inicia com a cantora.
-Porque ele tá tão bravo? Não rolou nada! -Roberta se entedia com a situação.
-Ah, ele acha que a gente fez de novo e...
-Como assim? Ele sabe??!! -Roberta altera a voz.
-Psiu... Calma... Eu precisei contar.
-Diego, me diz pra quem você não contou que fica mais fácil!
-A gente vai brigar?


(Obrigada de novo Darly pelas ideias ^^)

Comentários

  1. Aline, posta amanhã de manhã, pq de tarde tem rebeldes no tudo é possível!

    ResponderExcluir
  2. Ai gente, até tensa a Roberta ficou engraçada:"me diz pra quem vc não contou que fica mais fácil" hahahaha (Scheila)

    ResponderExcluir
  3. Tah kda vz melhor a web...too viciadaa! Naum percam amanha o Tudo é possivel! Postaa logoo o proximoo

    ResponderExcluir
  4. hahaha' rachando com a Rôh: "me diz pra quem você não contou que fica mais fácil!" posta o 40 logoo!!!!;D
    (infelizmente meu nome tbm é Marina...)

    ResponderExcluir
  5. kkkkkkkkkk
    Achei que so meu marido usasse esse terno: tesoura.....
    Darly

    ResponderExcluir
  6. Aline está maravilhoso, seu talento aumenta a cada dia, não desista nunca do seu sonho!!!
    Darly

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu