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Cap 38- Mandada pelo vento

A garota fala sozinha:
-Já que o Diego quis brincar, nós vamos brincar! - Ela ri enquanto observa a tela. -E vai ser de pega-pega... Mas sou eu que começo...
 Sua maneira de agir é de alguém que adora se divertir com as pessoas. As usa como brinquedos. É mais esperta e fria do que todos imaginavam, e na sua maneira tosca de ser, gosta de aparentar ser menina, ser uma bobinha a quem todos subestimam. Sabe que quando achamos que alguém é bobo, baixamos a guarda...

 O dia continua agitado ao longo das horas, até que a tarde chega. Ás vezes parece que tudo junta para acontecer no mesmo dia. Um furacão que vem de uma vez, faz seu trabalho e vai embora da mesma maneira.


 Andando pelo corredor, eis que aparece quem Roberta mais quer ver. Já imaginando que não precisaria se aproximar, deixa que Marina o faça.
 Ficando de a frente a rebelde, ela começa a fazer sua teia onde pretendia que Roberta caísse.
- Já sabe?
-Quê? –Roberta não a suporta.
-Eu e o Diego... Nós saímos ontem... Ele que me convidou.
 Roberta baixa a cabeça, e por um instante, Marina tem a esperança fascinante de vê-la chorar, mas se decepciona. Na verdade em vez de choro ela a vê abrir um sorriso e rir sem parar.
-Você e o Diego?
- Sua louca do que está rindo?
- Do que mais seria? –Roberta segura o estômago e se dobra em risos.
 Marina fica perdida, não sabe o que dizer.
 -Vamos ver do que você quer tirar onda!... Roberta debocha. -Seria do encontro com um cara sujo e fedido que te levou pra comer um hambúrguer gordurento em uma espelunca? Ou seria da sua viagem espetacular de busão? Ah, não! Aposto que foi do banho de lama!
-Os olhos de Marina parecem fumegar de tanta raiva. Ela tenta avançar um passo sobre Roberta, mas é jogada contra a parede.
- Já tivemos esse tipo de conversa antes, e você não levou a melhor, quer mesmo continuar?
 Marina se solta lançando um olhar furioso para Roberta. Ajeita o rabo de cavalo, e o uniforme, mas antes de ir ainda insiste.
 -Você vai me pagar!
 Roberta ri enquanto vê aquela figura virar o corredor, parecendo um dragão a cuspir fogo.
Está tão irritada que nem vê Diego em sua frente. Os dois logo se esbarram.
-Desculpa. –Ele segue o reflexo, nem percebe em quem havia batido. Mas Marina é direta:
-Como você pôde fazer aquilo comigo? Achei... –Ela se perde. -Achei que éramos amigos!
-Pois é, eu também achava...  Mas amigos não deviam querer o mal um do outro. - Diego a encara sério, cruzando os braços, mas já não está mais com raiva. A reconciliação havia apagado de sua mente qualquer rancor ou ódio que ali estivesse. Já não restava espaço para coisas tão insignificantes onde sentimentos incríveis faziam festa em seu coração.
 Apesar disso, tinha de ser duro com ela e colocá-la em seu devido lugar.
- Do que você está falando? - Ela refaz a cara meiga, comprimindo toda fúria que tem por dentro.
- Marina, eu não te engulo mais. Eu ouvi você falando com a Roberta no outro dia. –Diego fala tranquilo.
- Ouviu? –Ela torna a se perder. –Mas no amor e na guerra todas as armas são válidas, não?
- Não! –Diego a encara zangado. –Jogar limpo é muito mais digno. E vem cá, por que eu? Tantos garotos no colégio que gostam de você! Que gostariam de te namorar!
-Já olhou pra você? Além de lindo e rico, você é um doce! Mesmo a Roberta não merecendo, você perdoou ela! -Marina tenta amolecer Diego com elogios. -Não há muitos como você por aí, e como ela desperdiçou a chance dela... –Ela dá de ombros. –Bom... Eu resolvi aproveitar.
- Como desperdiçou? Eu sempre amei a Roberta! Te falo isso desde que nos conhecemos! –O rebelde vai perdendo a paciência.
- Ela te enganou! - Marina quase grita de tanta raiva. -E pra que?! Para proteger um amigo, pôs de lado o que vocês tinham, ou você não lembra de tudo que me disse?! Lamentou comigo durante toda a viagem!
-Não imaginava que você fosse assim! Parecia tão diferente. –Diego a olha e não acredita. Parece que é outra pessoa que estava em sua frente.
-Eu te achei muito fofo, e decidi que iria curar seu coração... –Ela coloca a mão em seu peito. Mas Diego se afasta, fazendo Marina recuar fechando fortemente as mãos. -Mas para minha surpresa você perdoou aquela
idiota!
 Diego sentiu que Marina dizia esta ultima frase com tanto ódio, que se as palavras fossem capaz de ferir fisicamente, naquele momento ela teria atingido Roberta fatalmente.
-Ei! –Diego toma as dores. -Você!... Fique quieta! Não fale assim da garota eu amo. Você nunca vai chegar aos pés dela!
-Diego eu...
 Ele enfim sai, deixando Marina sozinha. Estando só, ela começa a chorar... Mas não dura muito, rapidamente seca as lágrimas e continua a falar sozinha.
-Você não faz ideia em que problema vocês dois entraram!... Ah, mas não faz mesmo! -A garota pisa alto rumo a qualquer lugar. Precisa encontrar onde possa colocar os pensamentos em ordem. Os planos não podem parar. 

 Já é quase noite quando Roberta caminha pelo jardim. Está tudo quieto e ela vai apressada. As mãos agredindo o vento frio, ansiosas. Não se sente mais tão segura, nem gosta muito da ideia de andar sozinha à noite depois do sequestro. Ela não admitiria nem sob tortura, mas ainda tem algo dentro dela que não se concertou. Mas por essa marra ela segue seu caminho firme e com toda coragem.
 O recado que Alice havia mandado através de Vitória era claro. Estariam esperando no porão para conversar algo muito importante. E devia ser mesmo, afinal naquela noite não estava marcado ensaio algum. O que teria acontecido para terem mudado os planos?
 A menina vai pensando, vai correndo, vai voando! Ao descer as escadas do porão percebe que está tudo vazio.
-Ué? Cadê todo mundo? -Roberta olha de um lado e outro. -Ah, não! Vou ter que ficar esperando?... -Ela se joga no sofá.
 Logo percebe um envelope preto jogado do seu lado, como que por acaso.
 A rebelde o segura desconfiada. Procura um destinatário que não existe. Também não vê remetente... Resolve abrir.
 Ao retirar o papel dobrado, branco e aparentemente sem nada escrito, ela não pensa que possa ser grande coisa, e não era mesmo. Mas uma palavra pode não significar nada para uns e tudo para outros.
 Ela se levanta assustada, o papel cai no chão. Respira ansiosa. E assustada, sobe as escadas correndo, mas a porta foi trancada.
-Ei! Quem tá fazendo isso?! -Roberta dá murros desesperados na porta. Mas pela distância que ficava o porão do resto das instalações, ninguém a ouviria.
 Ela torna a descer as escadas à procura do celular que havia deixado sobre o sofá, mas a luz se apaga. Uma escuridão cobre o lugar e Roberta não percebe nada a sua volta. O desespero toma conta do seu coração que dispara em uma batida que ouve como um soco no peito.
-Socorro! -Ela grita sem sucesso. Nenhuma voz ecoaria para fora daquele lugar.


 Na sala de estar, os amigos chegam da biblioteca. Ao vê-los Diego quer saber:
-Cadê a Roberta?
-Ela não tava com a gente... Deixamos ela tomando banho, né Carla?
-É... Vocês não ficaram de se encontrar?
-Não... Como hoje não tem ensaio, eu ia passar mais tarde no quarto pra gente namorar um pouquinho, mas ela não tava lá.
-Não deve ser nada Diego. -Tomás o tranquiliza.
-É... Vou procurar, ela deve estar por aí.

 Diego sai e os amigos ficam. Não pensam que pode estar ocorrendo algo, já estão muito ligados aos acontecimentos que antecipariam a tal viagem à São Paulo.

 Minutos e mais minutos se passam até que ele abre a porta do porão já cansado de procurar. Olha e vasculha tudo. Mas não tem nem sinal dela, está vazio.
 Ao se virar vê o celular caído no chão.
-Ela esteve aqui. -Diego percebe que realmente aconteceu alguma coisa.
 Dispara escada acima. Ela ainda estaria por ali, talvez no jardim, onde ele enfim chega.
 Entre os arbustos e sombras da noite, ele tenta encontrar algum vestígio dela. Não sabe porque, mas algo lhe diz que tem coisa muito errada acontecendo.
 -Roberta some de uma hora pra outra e ainda deixa o celular no porão? -Os pensamentos dele não param.

 Já está muito tarde. Diego vai às pressas sobre o gramado, olhando cada canto escuro, cada pedaço de espaço que poderia mostrar algo se mexer ali entre as folhas, entre a esperança do que queremos ver.

 Ao correr olhando para os lados, ela enfim bate em seus ombros muito espantada.
-Roberta? -Ele segura seu rosto e ela o agarra firme sem conseguir responder. Um alívio imenso toma conta do seu ser. Uma vontade de sumir dentro daqueles braços.
 Os dedos dela fixados à gola de sua camisa enquanto ele a aperta. As costas dela estão geladas, a blusa fina vai sendo invadida pelo vento que está ficando mais intenso.
-Ei... O que aconteceu?... Eu tava preocupado... -Diego beija sua testa e acaricia seus cabelos. Aperta suas costas bem mais, para conseguir protegê-la do frio.
 Roberta havia parado novamente nos braços dele, como que mandada pelo vento, e ele não a soltaria até que parasse de tremer.
-Fala alguma coisa, por favor? -Ele abaixa a cabeça para olhar os olhos muito vivos que tinha diante dos seus.
-Me leva daqui?
-Mas Roberta...
-Por favor? -Ela o abraça ainda mais apertado, agora com os braços envolvendo seu pescoço. E Diego mesmo se quisesse muito, não conseguiria resistir ao seu pedido.


(Ah, que feio, tenho que agradecer a Darly pelos emails que tem me mandado me ajudando com ideias para os capítulos, brigadaaa!)


<<Cap 37              Cap 39>>

Comentários

  1. Ahhhhh primeiraaaaaaa Perfeitooo

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  2. Alineeeeeeeeeee...
    Assim você me mata, essa web é muito viciante.
    Continua o 39
    Bjos

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  3. to continuando ainda, acabo o 38 até a meia noite

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  4. Amei... Essa Marina não presta mesmo!!!

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  5. alineeeeeeeeee o q aconteceu coom a roberta
    vc escreve mtmt bem minha linda bjsssss

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  6. meu deus!!!essa Marina só serve pra encher o saco msm!!!

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  7. Aiiiiiiiiiiiiii.......
    Amei migah! mas posta o 39.
    bj Darly

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