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Cap 35- Do jeito dela

 Roberta tenta desacreditar no que ouve, mas Marina sabe da presença dela e continua a falar com maldade.
-Me perdoe Diego, mas se eu não tivesse te falado como certas mulheres são, você e a Roberta ainda não tinham nem chegado perto de...
 Um barulho forte de algo quebrando é ouvido. Roberta havia jogado com violência os DVDs pelos degraus da escada.
-Roberta! -Diego sobe as escadas correndo.
 Ela havia ouvido tudo.
 Como fazer com que ela intendesse o que nem mesmo ele estava entendendo? Havia contado para alguém que era praticamente uma estranha, algo muito íntimo, que pertencia só a eles.
-Roberta não foge de mim! -Diego enfim a segura pelo braço. Percebe que ela está atordoada e que nem consegue falar.
-Não me  toca! -Ela retira o braço e corre para o quarto. A violência com que bate a porta acorda Alice.
-Ei! Não tem educação não?
 Roberta pega uma mochila no armário enquanto a amiga apesar de sonolenta percebe que algo não está bem.
-O que aconteceu?
 A rebelde continua muda, socando as roupas na mochila.
-Roberta, abre, a gente precisa conversar! -Diego chega à porta.
-Vocês brigaram? Você vai pra onde?!
 Roberta salta pela janela e Alice se levanta correndo.
-Espera!
 Confusa e preocupada, Alice abre a porta para Diego, que entra aflito para saber o que estava acontecendo ali dentro.
-Ela o que?
-Isso mesmo, ela fugiu!
-Mas pra onde? -Diego fica louco.
-Eu não sei! O que você fez pra ela? A Roberta tava transtornada!
-Eu tenho que ir atrás dela.
 O rebelde sai pela porta como um furacão, deixando Alice muito perdida.

 Não há como evitar algumas coisas. Como dizem o tempo cura. Na verdade essa frase talvez seja só mais uma idiotice que as pessoas falam para que elas mesmas não se desesperem com a realidade. Enfim ninguém sabe curar as feridas alheias, mas conselhos não nos faltam na listas das frases feitas que falamos diariamente...

 Assim passa a noite sem nenhuma solução e a manhã se aproxima com a mesma previsão.
 Ao descer as escadas da mansão entre beijos e abraços, Eva e Franco veem algo que não é normal.
-Roberta?
 A garota esfrega os olhos inchados, já se erguendo no sofá da sala.
-Filha o que você tá fazendo aqui?
 A rebelde não consegue responder, nem sabe porque foi parar lá, só sabe que precisava ficar longe.
-Não acredito! Ela fugiu do colégio! Temos que ligar pro Jonas! -Franco é superficial.
-Espera bebê... -Eva se abaixa e percebe que a filha não está bem. -Deixa eu falar com ela sozinha...
 Franco ainda tenta reclamar mas não tem jeito, Eva sempre ganha. E ao ficar sozinha com a filha ela tenta de todas as formas fazer com que ela fale, mas não obtém sucesso. A garota dá voltas e voltas para despistar e fugir ao assunto que tanto a estava corroendo.

 E enquanto uma mãe se confunde de um lado, um pai se confunde de outro.
-Agora me explica de novo pra ver se eu entendi. Você contou algo para Marina sobre o seu namoro com a Roberta? -Leonardo tenta entender.
-Isso... Algo íntimo. -Diego não sabe bem como dizer essas coisas ao pai.
-Íntimo?
 Diego fica sem jeito ao ver que o pai quase se engasga com o café, mas sua expressão admite o fato.
-Então vocês...?
-Nós demos um passo no nosso relacionamento...
-Mas filho vocês não acham que...?
-Não.
 Leonardo percebe o quanto Diego está certo do que sempre quis, e ao respirar fundo começa a se concentrar e pensar friamente.
-Mas vocês... Se cuidaram?
-Claro! A gente sempre teve consciência das coisas.
-Mas porque você fugiu do colégio?
-Bom, eu queria ver a Roberta, mas eu preferi pedir sua ajuda primeiro. Eu não sei o que fazer em uma situação como essa.
-Filho, esse passo que vocês deram, deixam o relacionamento mais sério, as pessoas ficam mais ligadas. -Ele explica. -No caso dos homens é comum que fiquemos mais ciumentos, e no caso das mulheres elas ficam mais sensíveis... Mas claro que cada caso é um caso e nem todo mundo é assim...
-Mas ela ficou muito bolada com o que ouviu a Marina dizer ontem.
-Olha Diego, as coisas de um casal não devem ser mencionadas com outras pessoas.
-Eu sei! E eu não entendo como a Marina foi tirando de mim essas coisas... E outras ela deduziu nem sei como!
-A Roberta deve ter sentido a sua privacidade violada, como se você não tivesse tido respeito pelo que tiveram, afinal uma estranha sabia.
-Não, eu não disse nada pra Marina, ela deduziu por causa outro assunto que a gente teve, mas a Roberta ouviu assim.
-Então é melhor falar com ela. Eu vou te levar pro colégio depois do café. Ela também deve estar lá e vocês conversam.
 Eles continuam o café e uma conversa muito necessária entre pai e filho, enquanto de volta a casa de Eva, uma briga começa.
-Eu não vou te contar!
-Então vou te levar de volta pro colégio!
-Nem morta! -Roberta sobe as escadas correndo e sua mãe vai atrás.
 Chegando no quarto Roberta para com os braços caídos e os olhos assustados.
 Lá estava a cama do jeito que havia deixado. Ainda conseguia se lembrar do perfume daquela noite e do sereno que entrava frio pela janela a lhe tocar a pele quente.
 Ao olhar o chão vazio lembrou-se das roupas que há dois dias estavam jogadas ali. As suas e as de Diego.
 Eva chega na porta e a vê de olhos lacrimejando.
-Filha... -Eva é carinhosa.
-Eu não acredito que ele fez isso. -Roberta se vira para a mãe.
-Você e o Diego brigaram, não é?
-Não... Foi pior.
-Pior?? -Eva põe a mão no peito espantada e se aproxima.
-Ele não guardou algo que era só nosso. Ele contou pra uma aguada do colégio que... -Ela recua na fala.
-Robeerrta! -Eva força a explicação.
-Tá, eu não aguento mais, eu vou te contar...
-Mas o que você está me dizendo?
-Isso mesmo... A gente deu aquele passo.
-O que? Eva se joga na poltrona que tem frente a cama com os olhos imóveis, quase tendo um ataque.
 Roberta custa a colocar a mãe em órbita novamente, mas por fim depois de muita conversa, elas começam a se entender e parar de discutir.
-Você precisa entender que você vai mudar, que já mudou.
 Roberta abraça a mãe.
-Eu não quero mudar...
-As coisas ficam diferentes depois que se dá um passo desses na relação. Por isso você precisa estar madura, se não, não consegue manter me entende?
-É?... -Roberta levanta o rosto e fica pensando em tudo que sua mãe havia lhe dito até então.
-Se ele contou pra alguém...
-Não foi pra alguém! Foi pra uma ridícula, dissimulada que ainda por cima tá a fim dele!
-Sério?
 Roberta não contém a dor e nem a raiva que tudo isso lhe causa, e não consegue segurar as lágrimas que caem muito tímidas de seus olhos, deixando a mãe ainda mais preocupada.
-Eu acho que você deve falar com ele. Por as coisas no seu devido lugar e...
-Mãe me leva de volta pro colégio?
-Mas você não tá bem!
-Quem disse?. -Roberta se levanta como se nada estivesse acontecendo. Limpa os olhos ainda vermelhos e parece resolvida.
-Tem certeza?
-Absoluta.

 Roberta tem uma força que parece não se abalar. Suas taxas nas roupas e nas botas pretas, suas lentes vermelhas e seu jeito de quem não tá nem aí, impunham sua personalidade e amedrontava muitos. Ao menos por fora era para ela a certeza de que precisava. E era isso que ela queria, estar protegida no seu escudo de menina má. Uma que ninguém mais iria machucar.

 Marina se aproxima de Roberta assim que a vê no corredor e parece satisfeita em vê-la. Mira a rebelde da cabeça aos pés como se a visse derrotada.
-Gostei do seu estilo...
-Pena que eu não posso dizer o mesmo.
-É que eu não curto rock. É muito pesado pra mim.
-Tem coisa mais pesada com a qual você deveria se preocupar.
-Que seria...?
-Minha mão nessa tua carinha de sonsa! -Roberta se enfurece.
-Ah, Roberta... Você perde tempo fazendo essa pose. Eu sei que você não é isso tudo que quer aparentar. Diego me disse o quanto você se fazia de difícil... Cheia de medinho...
 Marina começa com os ataques sutis onde mais dói. Roberta se desequilibra.
 Nesse momento Diego iria atravessar o corredor em busca dela, mas ao vê-la com Marina prefere esperar e ouvir do que falam. Talvez pudesse ser útil para se aproximar novamente.
-O Diego me contou tudo, me disse tudo sobre vocês... -A garota ri do rosto irritado e triste de Roberta. -Você não deve saber, mas quando um homem fala da intimidade que tem com a namorada é porque geralmente ela não importa tanto assim pra ele... É só momento, prazer...
 Roberta fecha o punho e se segura para não partir para cima de Marina.
-Mas claro você não deve ter experiência no assunto.
-Vejo que você tem!
-Claro que tenho! E eu vou mostrar tudo que eu sei ao Diego...
 E com um sorriso ela dá a volta por Roberta virando do outro lado do corredor. Neste mesmo instante Diego vai em direção à Roberta atônito com tudo que havia escutado.
 Ao vê-lo a rebelde tenta escapar mas ele a segura.
-Não foi do jeito que você ouviu! Deixa eu explicar!
-Me solta! Você nunca mais vai se aproximar de mim, tá ouvindo?
-Roberta! -Apesar das circunstâncias, Diego não compreende tamanha revolta.
-Já disse! Esquece a gente! Esquece tudo!
-Como? -Ele olha em seus olhos fixamente. - Como?... Se você é minha?...
 Roberta levanta os olhos para que nenhuma lágrima escape.
-Não vou ser nunca mais, então se vira! Porque eu já te esqueci!

 A raiva se instalou e tudo nadava em rumos diferentes. Não havia no coração uma chave que desligasse o ressentimento. A sensação de que não tinha importância para Diego era algo que Roberta não suportava. Mas aos olhos dos outros estava sempre de queixo erguido, não mostrava a ninguém as lágrimas que somente o travesseiro era testemunha de que existiam.
 Evitou Diego por dois dias seguidos e sempre que o encontrava era grossa com ele. Queria fazer com que a esquecesse do pior modo, sentindo raiva. E ele por sua vez, começa a se cansar de tentar explicar.
 Apesar disso não suporta não poder estar perto dela na sala, não poder namorá-la nos intervalos, não receber seu sorriso dentro da sala de aula, nem ter seus beijos pela manhã na cantina.

-Acho que vou ter que ser diferente com ela. -Ele pensa em voz alta.
-Diferente como? -Pedro senta no sofá. A sala está quieta depois do almoço.
-Se ela não me deixa falar, então vai ser do jeito dela! -Diego segue o impulso e sai.
-Peraí cabeça! Aonde você vai?
-Ei, mas o que deu nele? -Carla chega com Tomás e Alice.
-Coisa dele e da Roberta...
-Ai, não é possível, Pedro, de novo! -Alice não suporta mais as brigas dos dois que mais parecem terremotos.
-Mas eles vão se resolver eu aposto. -Carla tem um sorriso de orelha a orelha. -Agora eu vou me pronunciar.
-Hum... Pois fale Carlinha! -Tomás se anima.
-A minha apresentação da primeira etapa vai ser nesse fim de semana. Se eu passar vamos para São Paulo com mais cinco duplas! Quero todos vocês lá para torcerem muito!
-E a gente vai estar! Com certeza!

 Os amigos seguem alegres com a notícia de Carla, e até se esquecem por um momento que caminhando em volta da piscina Diego estava prestes a esquentar mais o clima no Elite Way...
 Ele caminha devagar. Tem uma toalha em mãos e veste uma bermuda escura que tira assim que chega mais perto. Os olhos não saem de Roberta que deitada na sombra somente de biquíni, lê distraidamente um livro já quase no fim.
 Quando fecha o livro e levanta a mão para baixar os óculos escuros, ela percebe o olhar de Diego. Não há mais ninguém ali além deles. Ela havia se esquecido do tempo e todos já tinham retornado para dentro sem que percebesse.
 Com seu jeito arisco, e não tendo por onde mais passar, ela segue até ele com intuito de conseguir chegar logo ao quarto. Era difícil se segurar muito tempo diante dele, era preciso ser rápida e hostil, como havia sido desde então.
 Ao passar Diego cerca seu caminho.
-Sai da frente!
-Não saio! -Diego também fala firme.
-Eu não quero falar com você!
-E quem disse que eu quero falar?
 Roberta se esquiva e Diego a puxa. Mas com a briga dos braços, estando à beira da piscina, eles acabam se desequilibrando e caindo de uma só vez. O barulho da água é forte, mas rápido. Os dois vão ao fundo em questão de segundo.
 Dentro da água Diego pega a rebelde pela cintura enquanto ela tenta se livrar. A trás para junto do peito e aperta tanto, que ela praticamente perde os movimentos.
 Eles sobem a superfície como um raio. O coração fica acelerado pela falta de ar, pelo susto, pela raiva e pela adrenalina que desenha a cena. Ela firma suas mãos com toda força que possui, mas ele é mais forte e a prende.
 Antes que Roberta possa falar ou gritar, Diego pressiona sua boca e ajusta cada contorno de seu corpo ao dela, que ainda o empurra com uma tensão absurda.
 Roberta não consegue se conter mais que alguns segundos, até que cada músculo de seu corpo comece a desistir da luta. Seus dedos começam a perder a rigidez e seus lábios, antes unidos e impenetráveis, começam a amolecer. Vão aceitando a língua apetitosa no gosto molhado do organismo em transe. Deixa que sejam invadidos e ambas brincam por muito tempo, rebuscando no fundo dos arrepios mais selvagens o sentimento que seria nesse beijo, ressaltado.

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Comentários

  1. Quero a outra parte logo se não vou enfartar. Por favor mate essa Marina.

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  2. Genti muituu linduuu .... Agora fiko louka pra ver o prossimo kkkkkkkk adoro issu ......
    quando vai posta uuu 36 muito anciosa...
    joicy

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  3. nooooooooooooosssa vou choraaaaaaaaar

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  4. agora acho que o Diego percebeu um pouco que a Marina não é tão do bem assim como todos pensava que era! -Claudia-

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  5. Muito lindo!!!!! fikou perfeito posta logo o Cap 36 pf!

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  6. Aline quando vc vai postar o cap 36?? Tô muito anciosa

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  7. Melll DELLSS to morrendoo akii!!
    Tah cada vez melhorr...loca pra ver o cap. 36
    Bjoxx

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  8. Ameiiiiiiiiiii
    Admiro seu esforço, sei que não está facil, mas você esta conseguindo e está simplesmente maravilhoso, um verdadeiro sucesso, mesmo com todas as dificuldades tenho lido todas as postagens....

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  9. Genti qui tal a genti lincha a coisa chata da Marina kkkkkk ... Brincadeirinha kkk ... mais qui da vontade aa si da ......

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  10. Eu vou ter um infarte expulsa logo essa Marina do Elite way

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