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Cap 17 -Vamos aprender juntos!

  Roberta e Diego se levantam rápido, se recompondo sem muito fôlego. O namorado toma a frente das explicações:
-Franco a gente não...
-Escuta aqui rapaz. -Franco fica vermelho de tão furioso. -Essa aqui é a casa de uma família de respeito, e não é assim que as coisas funcionam! 
-Nem aconteceu nada! -Roberta dá pouca importância ao fato.
-Não aconteceu porque eu cheguei!

 Inicia a partir daí uma longa discussão. Franco não dá trégua e passa um sermão enorme sobre respeito. Roberta revida tudo e Diego fica tentando acalmar os ânimos sem muito sucesso, até que Eva chega.
-É guerra? O que tá acontecendo? 
-Peguei esses dois na cama?
-QUE????!!!! -Eva quase tem um infarte.
-Não é nada disso mãe. -Roberta explica. -Nós estávamos namorando.
-É não rolou nada além de uns beijinhos...
-Não foi o que pareceu! -Franco olha para Diego repreensivo e o deixa desconcertado.
-Bom, parece que é melhor eu ir.
-Acho bom! -Franco é rígido.
-Não, ainda é cedo! -Roberta tenta impedir que Diego vá, mas já está mais que na hora.
-Não se preocupa linda. -Ele fala bem perto. -A gente se vê no acampamento mais tarde.
-Nada disso! Não vai ter mais acampamento!
 O casal fica apavorado com a fala de Franco.
-O que? Tavam achando que depois desta cena toda vocês...
-Eu achei que essa decisão fosse minha? -Eva expõe sua crítica.
-E porque seria sua?
-Ela é minha filha bebê!!
-Eva!
-Franco!
Os dois se olham com reprovação e até se esquecem do foco por alguns segundos.
-Estranho isso... -Roberta cochicha com Diego, observando com estranheza o jeito da mãe.
-O que é estranho? Sua mãe defender a gente?
-Claro que não! 
-Então o que?
-Ela dizer Franco e não bebê...
 Diego ri e acorda as feras. E percebendo que as coisas não esfriariam tão rápido, ele resolve ir embora. Franco o leva até a porta com o rosto típico dos cães raivosos. Roberta permanece com Eva no quarto.
-Ah, não mãe! -Roberta já começa a se esquivar.
-"Ah" digo eu! O que você tava pensando Roberta?
-No Diego ué... -Ela fala com um ar irônico.
-Não me provoca Roberta! -Eva se irrita com a maneira despreocupada com que a filha se refere ao assunto.
-Não aconteceu nada mãe! Já disse! -Roberta leva as mãos à cintura.
-Ainda bem né?... -Eva diminui o tom da bronca.
-Mas você sabe que vai acontecer né?
-Aaaai! -Eva se senta brutalmente na poltrona. Está sem chão, mas ainda insiste em conversar com a filha. -Você tem que saber de algumas coisas...
-Eu já sei... Lugar certo, pessoa certa... Tem que haver proteção, maturidade e tal... Eu já sei tudo mãe!
-Ah, tudo você não sabe!! 
-Vou aprender! -Roberta abandona a conversa, porém antes de sair pensa novamente:
-Corrigindo: Eu e o Diego vamos aprender juntos. E não é proibindo que a gente vá nesse acampamento que vão impedir que a gente faça a qualquer momento!
 E terminando tamanho drama, mãe e filha realmente não se entendem. É certo que não dá pra segurar, nem impedir que aconteça, seria se enganar muito e Eva tinha consciência disso. Roberta se mostra muito confiante no que quer, ou talvez só estivesse querendo passar isso para a mãe antes de aceitar para si mesma.
De tudo isso surge um novo problema: A ideia do acampamento já era?...


 No sofá da casa de Eva, um pouco depois, os seis rebeldes já estão reunidos de braços cruzados e caras amarradas. A qualquer momento dois deles tendem a ser trucidados pelos amigos.
-Vocês dois, vou te falar...
-A nem vem Tomás! -Diego se irrita com o amigo. -Poderia ter acontecido com qualquer um!
-Justo hoje? -Alice também está irritada.
-Você nem queria ir Alice!
-Mudei de ideia tá Roberta!

 Em meio aos diálogos enlouquecidos naquela casa, a campainha toca, é Vicente.
-E aí? Vamos? -O professor está animado.
-Todos permanecem sem maior reação. Chateados.
-Que foi gente? Babou o acampamento?
-Claro que não! -Eva surge sorridente e Franco a segue emburrado e olhando pro chão.
 Ao ouvir isso os amigos se levantam animados.
-Sério? A gente pode ir?
-Bom... -Franco tenta falar, mas se cala com um olhar matador de Eva. 
-O que seu pai iria dizer Alice, é que nós confiamos em vocês e acreditamos na educação que damos. 
 Roberta e Diego olham um para o outro sem entender nada, mas felizes.
 Ninguém busca mais explicações. O negócio é sair logo dali antes que eles se arrependam.


 Barraca, alimentos e um monte de outras bugigangas. Eles saem totalmente repletos de coisas, como se fossem passar uma vida inteira fora de casa.
 Sozinhos, Eva tenta amolecer Franco:
-Ah, bebê, eu já disse. Não adianta prender os filhos, eles são como água, se a gente prende demais nas mãos acaba vazando entre os dedos...
-Tá bom... -O marido não parece muito convencido, mas não teve muita escolha. Agora era esperar que o domingo acabasse e todos retornassem sãos e salvos. E claro, do jeito que foram, se é que me entendem.

 As folhinhas verdes encostam de leve nas pernas descobertas. As sombras das árvores naquele lugar facilitam a caminhada até o local mais sossegado e íntimo da pequena área rural. Aparentemente é segura, e por sinal, usada por muitos para acampamentos, trilhas e tantas outras coisas.
-É, chegamos! -Pedro joga todo o peso no chão.

 Eles começam a montar as barracas. Os casais brincam e se agarram deixando Vicente louco. 
-Ai meu pai, em que eu fui me meter?
 Pedro e Alice sentados sobre o pano da barraca. Tomás correndo atrás de Carla pela grama e Roberta e Diego fugidos.
 Longe dos olhos de todos, eles estão colados e trocam carinhos atrás de uma grande árvore. O vento batia nos ouvidos de Roberta dizendo que o frio da noite começaria. E interrompe o beijo.
-Vai esfriar... -Roberta olha em volta, mas Diego olha só para ela.
-Pra mim tá muito quente...
 Ela faz o mesmo e se esquece do que está em volta. Se devolve aos beijos fortes que a apertam contra o tronco da árvore. A mão desliza pelos cabelos dele e ás vezes quando não se aguenta, ela os firma entre os dedos. E de novo o velho esquecimento do que se passava surge dentro dos braços, entre o fôlego e a razão.
 Vicente estava certo, o que ele estava fazendo? Haveria alguma possibilidade de evitar que tudo acontecesse?  É possível fugir dos olhos do mundo, e se enterrar em bolhas vivas desses sonhos que a gente só sonha acordado? Vale à pena correr certos riscos...

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Homenagem a Lua e Arthur
"Avião sem asa"

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