Pular para o conteúdo principal

Cap 24- Os detalhes vão surgindo

-Abre os olhos...-Diego a tem perto, dentro dos braços. - olha pra mim... -A sua voz não surte efeito. Roberta não responde ao seu chamado e o deixa cada vez mais perdido.
 Não passa muito tempo até que os policiais os encontrem. Ao vê-los naquela cena, eles param e percebem o porquê da fuga de Diego. Tinha algo diante de sua visão que não podia esperar. Ali, junto dela, seus olhos não desviam um segundo sequer do olhar desmaiado que deixavam aquele rosto claro já sem luz.
Ele não para um instante, e os que estão em volta são totalmente ignorados. O desejo de vê-la abrir de novo o largo sorriso que lhe acende a alma é tudo o que carrega no semblante. Logo os procedimentos são tomados e Roberta é retirada das mãos de Diego.
-Ela...
-Não se preocupe garoto. -O policial vendo o nervosismo do rebelde tenta acalmá-lo. -Ela vai para o hospital e vai ficar bem, não se preocupe.
-Mas eu quero ir junto!
 Apesar da insistência, o policial não sede. Seguem então em carros diferentes. Ela para ter os cuidados médicos e ele para dar as informações que as autoridades ainda precisariam.

 Uma tarde vem chegando de leve. As preocupações vão cessando e ficando assim pequenas, se comparadas às anteriores. Pedro se encontra com os demais rebeldes. Alice é a primeira a ficar ansiosa ao vê-lo:
-E aí? Como foi na delegacia?
-Ah... -O aspecto do jovem não mostra boas novas. -Não encontraram os sequestradores... Eu não pude dizer muito mas...
-Mas o que? -Tomás chega na conversa e Carla acompanha.
-O Diego ficou lá, acho que ele sabe mais do que disse pra gente...
-Será?
-E a Roberta que nem acordou ainda! -Alice fica tensa e corta Carla.
-E a Eva?
-Bom, ela tá lá com a Roberta. Coitada, desde que ela desapareceu que ela praticamente não dorme, mas meu pai nem pôde ficar com ela... Tanta coisa pra resolver...
 Alice ainda explica quando Diego chega rapidamente.
-Onde que ela tá?
-Tá no quarto com a Eva, mas...
Antes que Carla acabe de falar o rebelde passa por eles rumo ao corredor.
-Diego espera!


 Eva aguarda exausta na beira da cama já a cochilar na cadeira, mas logo percebe que Roberta começa a acordar.
-Filha! Como você está, tudo bem? -Eva sempre muito agitada acaba fazendo com que tudo fique ainda mais confuso.
A garota olha ao redor franzindo a testa, parecendo ter a visão embaçada.
-Mãe? -Ela finalmente olha para Eva de um jeito estranho. -O que aconteceu?
Espantada a cantora explica todo o ocorrido de maneira eufórica. Roberta escuta ora atenta, ora distante. Não dá pra perceber se está acompanhando ou não a fala da mãe.
-Você sabe quem eram as pessoas que te levaram? Como eles eram? Fala pra mim! Eles te fizeram algum mal? Porque se fizeram eu...
-Não mãe.-A essas horas Roberta já está sentada na cama. Brinca desconcentrada com os dedos. Olha para eles com um jeito de quem não está aqui nem em lugar nenhum.
-Eu fiquei desesperada... -Eva desfaz-se de toda agitação e lança para a filha um olhar carinhoso que dá ao momento o abraço tão esperado por ambas. Ele não dura muito tempo, porém dura o suficiente para sentir que as coisas estariam novamente em seu lugar. Afinal, loucos ou não, quem amamos a gente quer perto, bem perto, dentro dos olhos, do coração e dos braços. E não é pedir muito.
-Ah, mãe agora vamos parar de drama!  -Roberta começa a sorrir voltando ao normal. -Quando eu posso ir pra casa?
-Calmaaaa! -Eva ergue as mãos. -Eu vou falar com o médico agora! Mas você vê se descansa.
 Roberta com uma cara boa já ia se esquecendo mas em um estalo, lembra de perguntar algo antes que a mãe saia:
-Como foi que a polícia me achou?
-A polícia não te achou.
-Não achou? -Roberta não compreende.
-O Diego te achou.
 A rebelde abre um grande sorriso, mas logo disfarça mordendo a unha e abaixando o olhar.
-Você nem imagina as coisas que ele fez pra te achar... Fugiu de casa, andou no meio da mato, dormiu por lá mesmo! Mas deixa que ele te conta...
-Ele tá aí? -Ela se entusiasma.
-Vou ver!
 Eva sai e Roberta fica apreensiva.

Na recepção os amigos tentam acalmar Diego que não se conforma com os seguranças não terem lhe deixado se aproximar do quarto.
 Franco chega e interrompe os rebeldes chamando o rapaz para um conversa particular. Aceito o pedido os dois vão até a cantina do hospital. Diego está zangado e Franco determinado a descobrir tudo que ele sabe.
-Como você sabia onde encontrá-la Diego?
-Eu recebi uma ligação do colégio.
 Franco observa atento e Diego prossegue.
-Pelo que me informaram, o Binho tá por trás de tudo isso, eu sei que o Jonas chamou a polícia e o desgraçado fugiu...
 -Mas quem te contou que esse garoto está por trás do sequestro?
-Foi a Marina, aquela amiga que eu conheci nas férias. Tá estudando com a gente.
-E você confia nela?
 Diego percebe que Franco não está seguro da informação.
-Bom, o endereço que ela disse que o Binho mencionava no telefonema me levou exatamente onde a Roberta tava.
-Mas não foi o que eu perguntei. Eu preciso saber se ela não pode estar mais por dentro disso, se não tem culpa no cartório!
-Não. -Diego é ligeiro ao defender. -Ela é só uma amiga e tava preocupada... O Binho sim já tem a ficha bem suja, e é ele que não me desce.
-Bom, mas agora vai ficar mais fácil... Já prenderam um suspeito. Ele foi preso com boa parte do resgate que pagamos. Foi muita sorte você encontrar a Roberta. Do jeito que ela foi dopada e deixada ao Deus dará qualquer coisa poderia acontecer. Foi muita coragem sua meu rapaz. -Franco coloca a mão sobre o ombro de Diego.
-Não foi preciso coragem não. -O rebelde se levanta e mira Franco. -Eu só não consigo mais me imaginar sem ela.
 E saindo ele deixa Franco ainda na mesa, admirado com as palavras que havia escutado. Com certeza o namoro de adolescência, que em sua visão é simplesmente baderna e pouca vergonha estava mostrando que podia ir um pouco além disso...

 Na delegacia, o suspeito confessa o crime, mas assume toda a responsabilidade. Segundo ele não haveria ninguém a mais por trás disso, somente ele e ninguém mais deveria pagar pelos crimes dos quais era acusado. Claro que logo sairia dali se não entregasse seus cúmplices, pois eles mesmos o tirariam dali.
-Eu não conheço não senhor. -O homem que mesmo em todo seu volume não demostrava tamanho mental, está amedrontado e responde com poucas palavras tudo que o delegado pergunta.
-Vamos então juntar os fatos. -O delegado analisa. -Primeiro foi a invasão do camarim da cantora Eva Messi, mas não foi você, mas pode ser seu cúmplice... Depois os bilhetes anônimos e por fim o sequestro. Mas é muito improvável que você tenha entrado no colégio... Muito menos que tenha feito todo o sequestro sozinho.
-Mas eu fiz sim senhor...
 Já estava ficando cansativo e era preciso esperar mais algumas horas para se obter mais provas. Deixaram então o homem na cela e saíram para deixar o tempo mostrar a verdade. Muitas coisas ainda surgiriam, e coisas surpreendentes.

 Ao entrar no quarto eles se olham com sorrisos que parecem não caber na felicidade que sentem.
 Roberta abre os braços ainda sentada sobre a cama e se aconchega em Diego que muito depressa a agarra e beija.
 Beijo demorado e lento, como um romance detalhado em fases. Intensamente tocam-se de olhos fechados, lábios abertos e bochechas que vão corando à medida que se aquecem pele à pele. O sabor e o aroma do carinho, do amor são provocados por minutos sem fim, antes que qualquer palavra seja dita. É hora do corpo conversar e das vozes se calarem. Tem coisas que as palavras não traduzem tão perfeitamente como no silêncio de um abraço.
-Você fez mesmo tudo aquilo Diego?
-... E faria tudo de novo. -Tendo-a deitada em seu ombro a sorrir e investigar, ele segura suas mãos, entrelaça os dedos e corresponde o sorriso.
-Mas não ficou com medo? Eram bandidos! E se te acontecesse alguma coisa? -Roberta se exalta.
 Diego passa os dedos de leve em seu rosto e a vai acalmando. A fera selvagem vai deitando novamente  mansa.
-Eu senti medo sim... E foi o maior medo que eu já senti na vida.
-Foi quando você entrou na floresta de madrugada?
-Não...
-Foi na fuga de noite?
-Não...
-Foi quando os policiais te perseguiram?
-Também não...
-Então? -Roberta se levanta e o olha. Diego continua os carinhos, adorando vê-la sorrir a esperar sua fala.
-O maior medo que eu já senti na minha vida foi no momento em que imaginei que talvez eu não pudesse ter você outra vez como eu tenho agora... Que eu não pudesse te apertar de novo contra o meu peito. Que eu não pudesse sentir a seu rosto assim macio nas minhas mãos... -Ele ri. Tive medo de não poder te segurar... Não poder te beijar... Não ter de novo esse olhar que você mostra só pra mim... E que é só meu...


<<Cap 23              Cap 25>> 

Comentários

  1. AAAAAAA E , RSRS ESSE BLOG DEVERIA VIRAR UM LIVRO... TIPO, IA SER O LIVRO MAIS TOP DA MINHA VIDA.

    ResponderExcluir
  2. Ta muito lindooooooooo
    amei cada linha!!!
    Ah! recebeu o email?

    ResponderExcluir
  3. aline bem que depois eles podiam capturar a eva tipo se quisesem se vingar dessa familia por alguma coisa que o pai da roberta aplontou edepois aos poucos voce fai revelando

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Despedida

Obrigada a todas e todos por terem estado comigo até agora. Me perdoem qualquer coisa e um beijo enorme no coração de cada um. Eu gostaria de poder ter feito melhor em todo esse tempo, mas juro que o fiz foi de coração e tive um enorme prazer em estar aqui. Era uma escritora bastante amadora, mas me diverti demais e me senti abençoada com a companhia de cada um. Quem quiser me seguir no Wattpad, estou escrevendo outras histórias por lá >>>  AlineStechitti

Cap 122 - R, D & N

Quando passa pelo corredor, Nina vê várias pessoas sorrindo e acenando para ela. "Você tem fãs, está vendo?" Diego cochicha e seu ouvido. "Estão todos felizes por você estar com seu papais de novo." "Verdade?" "Verdade." Nina olha por cima dos ombros do pai enquanto ele caminha e então acena para as pessoas no corredor, sorrindo como nunca.  Quando entra no quarto, ainda no colo do pai, Nina vasculha tudo com os olhos e acha o lugar muito estranho, como o quarto do Seu Ângelo. A mãe está deitada, tem vários machucadinhos pelo corpo e longos fios saem dela, ligados em máquinas estranhas. Diego ergue a filha até próximo ao rosto adormecido de Roberta e Nina dá um beijinho na testa dela. “Atchim!!” Ao despertar e abrir os olhos, Roberta vislumbra um borrão que acha encantador e não contém o riso. Olhinhos muito assustados a miram perdidos e curiosos. “Desculpa, mamãe!” Nina funga e esfrega o nariz. “Oi, meu amorzinho.” Ela sorri e estica os b

Cap 124 - Como se fosse a primeira vez

O entardecer estava fresco na praia. Roberta deitava a cabeça no colo de Diego enquanto ele olhava o horizonte. Nina estava brincando com a areia e nem os percebia. Era fácil para os três ficarem em transe quando estavam diante do oceano. "Você acredita que passou tanto tempo assim, Diego?" "É bem difícil de acreditar..." "Temos uma filha... E temos essas argolas nos dedos que dizem à sociedade que pertencemos um ao outro." Ela ri olhando a aliança. "Eu pertenço." Ele a olha de cima e Roberta se levanta. "Posso dar um beijo no meu marido?" Diego deixa aquele tipo de riso manso escapar quando ela encosta os lábios nos dele. O barulho do mar se mescla ao barulho das conchinhas que Nina recolhe e a todo momento deixa cair, despencando dos seus braços em uma cascata de cores marinhas. Os amigos os questionavam por terem levado a filha para a lua de mel, mas eles tinham sempre a mesma resposta: "Nós vivemos em lua de mel!&qu